Queijos e vinhos foram o destaque do 1° Encontro Gastronômico com Artesãos Franceses em São Paulo
O 1° Encontro Gastronômico com Artesãos Franceses reuniu, no dia 25/10, no Restaurante Tirreno, em São Paulo, diversos produtores radicados no Brasil e fãs da gastronomia francesa. Foi uma oportunidade para conhecer, conversar e deliciar-se com queijos, vinhos, geleias, chocolates entre outras delícias. O Encontro foi organizado pelo Le Club des Gourmets, dos empresários Raphäel Allemand e Thomaz Clementz, ambos franceses radicados há vários anos no Brasil.
O destaque acabou ficando para a combinação gastronômica perfeita entre queijos e vinhos franceses. O evento contou ainda com um bar dedicado a drinks com destilados franceses, como o cognac Rémy Martin e o licor Cointreau.
O Portal Mesa de Bar esteve presente e traz aqui um resumo do que degustamos.
Vinhos
A importadora Bby6 apresentou uma seleção de vinhos de diversas regiões francesas (Bordeaux, Loire, Provence, Rhône, Languedoc). A degustação foi conduzida por Raphaël Allemand, que se especializou em trazer rótulos de pequenos produtores, mas com foco na qualidade. Confira os rótulos:
Terres Cortal Chardonnay, um Languedoc-Roussillon branco. Languedoc é a mais antiga e a maior região produtora de vinho do mundo, responsável por mais de 1/3 da produção de vinho da França. Esse não decepciona, leve, frutado, de corpo médio e fácil de beber.
Paul Vattan Pente de Maimbray Sancerre 2020. Um Sauvignon Blanc de Sancerre, de terroir de excelência, fresco, de corpo leve, com aromas cítricos e herbáceos, mineralidade, acidez equilibrada e elegância. Ótimo vinho!
Cote de Provance Château Aranaude é um rosé diferenciado (40% Syrah, 40% Cinsault, 20% Cabernet Sauvignon). A começar pela sua cor mais pálida, que é um indicador dos melhores da Provence, região responsável por produzir alguns dos melhores e mais famosos rosés do mundo. Um vinho delicado, com notas de frutas e uma discreta mineralidade.
La Tourbeille Bordeaux Supérieur é um belo tinto (80% Merlot; 15% Cabernet Franc; 5% Cabernet Sauvignon) que não passa por barris de madeira. É encorpado, de aroma refinado e taninos fortes. Um vinho sem potencial de guarda, já pronto para agradar.
Damaíne de la Maurelle Vacqueyras 2020. Um vinho típico do Rhône. Um blend de Syrah, Grenache e Mourvedre, que dão a ele uma cor rubi escura, um toque de tabaco e um frutado de amora, ameixa e cassis. Um vinho aveludado, fácil de beber.
Mains Sales Malbec 2012. A surpresa da noite. Trata-se de um vinho 100% Malbec. É isso mesmo! Apesar da fama da uva ser relacionada à Argentina, ela é originária da França. Ela é uma das uvas autorizadas a serem cultivadas por pequenos produtores em Bordeaux, apesar de varietais de Malbec serem extremamente raros na região. Este Malbec vem de uma pequena parcela da vinícola Vignobles Bouillac, na AOC Blaye-Côtes de Bordeaux. Envelhece por 18 meses em barris de carvalho que não conferem a ele um forte amadeirado. Um vinho leve, elegante, maduro… espetacular! Bem diferente e em muitos aspectos bem melhor do que vários rótulos Malbec argentinos.
Cognac Rémy Martin V.S.O.P – Este é um tradicional conhaque da Remy Martin. Maduro e equilibrado, ele é um blend de conhaques das regiões de Petit e Grand Champagne envelhecidos e o código VSOP (very superior old pale) significa que ele foi envelhecido por, no mínimo, quatro anos em barris de carvalho. Tem uma cor dourada e cristalina, aroma de baunilha, damasco e maçã, com notas florais. Apesar de ser potente, com uma graduação alcoólica de 40%, ele é aveludado, desce redondo e evidencia sua excelência.
Cointreau – O licor de laranja mais antigo e famoso do mundo continua imbatível. Segue a receita original francesa de 1875 até hoje, usando tradicionais métodos de extração de aromas das cascas de laranja e é destilado nas instalações originais na cidade de Angers supervisionada pela 6ª geração da família Cointreau e pela master distiller Bernadette Langlais. Sua cor clara e cristalina combina aromas de casca de laranja e especiarias, como noz-moscada e cardamomo, limão siciliano e hortelã. Seu paladar é macio, aveludado e muito cremoso, aquecido por 40% de teor alcoólico. Pode ser consumido puro, mas também ser usado na gastronomia e, principalmente, na coquetelaria, sendo coadjuvante de drinks clássicos, como a Margarita, e inúmeros autorais. Na feira provamos uma combinação simples, de Cointreau com água tônica. Bem leve e refrescante…
Queijos franceses
O Encontro proporcionou outra ótima descoberta. O engenheiro francês radicado no Brasil Christophe Faraud resolveu retornar à França para aprender a arte queijeira. Depois de 18 meses ele voltou ao Brasil, em 2016, e passou a produzir queijos finos artesanais franceses com a esposa Zeide. O resultado são queijos autorais com sabores e texturas únicos, cada um com um pedacinho da alma dos seus criadores.
Mimo – Um queijo de massa mole, textura macia e casca natural, graças a um mofo que se desenvolve naturalmente para criar uma proteção. Harmoniza bem com um vinho branco ou um Pinot Noir leve.
Manacá – É um queijo de massa mole e casca lavada branca, que cia uma proteção suave na superfície. Ele tem uma textura muito macia e cremosa, que derrete fácil na boca. Tem um sabor delicado, com um toque de avelã quando jovem e que ganha intensidade e cremosidade com algumas semanas na geladeira. Queijo muito versátil, podendo ser harmonizado com um vinho branco frutado ou um vinho rosé.
Tangará – É um queijo de massa prensada não cozida, que depois é defumado com fungos líquidos. O resultado é que ele tem uma casca e uma textura mais consistente e um sabor incrível! Um queijo que acompanha muito bem uma tábua de frios e pode ser harmonizado com um vinho Sauvignon Blanc, um rosé potente ou um tinto leve.
Coração – É um queijo de massa mole e casca suave no início, que vai ganhando em intensidade com o passar do tempo. Ou seja, ele tem uma textura macia e cremosa, com um sabor que lembra um camembert, com uma leve acidez quando jovem, chegando a ser um queijo potente se guardado algumas semanas na geladeira. Um queijo excepcional, que harmoniza perfeitamente com um Chardonnay ou um espumante brut.
Curió – É um queijo de massa prensada semi cozida (inspirado no Comté) de casca lavada e firme. É maturado na madeira e pode ser degustado em função do tempo de maturação. De 20 a 90 dias ele vai mudando para uma textura mais firme e ficando com um sabor mais intenso. Harmoniza com vinhos tintos seguindo a maturação, dos mais leves aos mais encorpados.
Caetê – É um queijo de massa prensada semi cozida, o primeiro do mundo maturado em folhas de Caetê, conhecida como bananeira-do-brejo ou papagaio, planta nativa da Mata Atlântica. Uma inovação de Zeide que dá ao queijo uma personalidade única, com um final salgadinho que é perfeito para harmonizar com qualquer tipo de vinho tinto. Excepcional!
Outras delícias
A feira apresentou ainda itens de charcutaria artesanal, apresentados pelo produtor Nicolas Barbé, como o pâté de campagne, linguiças e até um cassoulet em conservas sem conservantes. O produtor Matthieu Inizan, por sua vez, apresentou tapenades, cebolas confitadas, pestos e ratatouille artesanais.
Florent Prevost trouxe ótimas geleias artesanais orgânicas de receitas ancestrais da sua família, mas com frutas tropicais. E Jean-François Daniel, de uma micro chocolateria na Serra da Mantiqueira, exibiu deliciosos chocolates feitos de cacau agroecológico e orgânico de produtores do Sul da Bahia com receitas entre 50% até 85% de intensidade, veganos, livres de açúcares refinados e conservantes. Uma delícia!
Ao final, a organização ainda sorteou para o público presente uma linda mala da Do Vinho, com interior projetado para transportar vinhos, com capacidade para até 12 garrafas. Um evento de pequeno porte, mas que mostrou a força da produção artesanal francesa disponível para os brasileiros. Mais informações pelo Whatsapp (11) 98267-4559 (somente mensagens por escrito).