Vinhos de Portugal 2025 encantou enófilos no Jockey Club Brasileiro, no Rio, e no Parque Ibirapuera, em São Paulo

Nos dias 6 a 8 de junho, no Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, e 13 a 15, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, aconteceu a 12ª edição do Vinhos de Portugal, o maior festival de rótulos portugueses no Brasil. Com entrada gratuita na área comum, mas com cobrança de ingressos nas áreas de degustação e de palestras, o Vinhos de Portugal promoveu uma intensa troca de conhecimentos entre produtores portugueses e os profissionais do segmento e consumidores brasileiros.

A área comum gratuita do evento oferecia wine bar, estandes para degustação de queijos da O Queijólatra e frios da Sadia, backdrop para tirar fotos engraçadas esquiando ou pisando em uvas, área de alimentação entre outras atrações. Já a sala de degustação, com 77 estandes para visitas em 10 sessões disponíveis em cada cidade, atraiu a maior parte das atenções complementada pelas salas das provas que ofereceram palestras sobre temas do universo do vinho e do enoturismo.

As salas de provas

O intuito das salas das provas é incentivar o conhecimento e aprendizado sobre vinhos. Neste ano, o Vinhos de Portugal realizou 31 provas em sua programação, sendo 16 no Rio de Janeiro e 15 em São Paulo. Guiadas por um time experiente de enólogos, especialistas e críticos, as sessões tiveram duração de uma hora e vagas limitadas para, no máximo, 30 lugares.

A sala de degustação

O Vinhos de Portugal promoveu 20 sessões de degustação, sendo dez em cada cidade e a primeira de cada uma delas exclusivas para profissionais do setor. Com a duração de três horas, neste salão os presentes tiveram a oportunidade de degustar os mais de 650 rótulos dos quase 80 produtores portugueses presentes, de regiões como Lisboa, Dão, Alentejo, Beira Interior, Porto e Douro, Península de Setúbal, Tejo, Vinhos Verdes e outras. Foi possível até degustar rótulos sofisticados e exclusivos, que, em alguns casos, ainda nem chegaram ao Brasil.

O Portal Mesa de Bar esteve presente no evento em São Paulo e traz a seguir uma seleção dos vinhos que mais agradaram a reportagem. Na nossa avaliação o evento foi muito bem organizado e cumpriu seus objetivos, levando para os participantes uma ampla mostra da ótima produção de vinhos em Portugal.

Começamos nosso tour em grande estilo, provando um dos melhores vinhos brancos que degustamos na feira: o Artisanal, da Adega José de Sousa Branco, uma joia do Alentejo elaborado pelas uvas verdelho, sauvignon blanc e antão vaz. É um vinho leve, aromático, fresco, cítrico, com notas de lima, maçã e pera. Detalhe: disponível a um preço extremamente acessível.

No lado dele estava outro bom branco conhecido da vinícola José Maria da Fonseca: o Periquita Reserva, um blend de viognier e arinto de bucelas do Azeitão, na Península de Setúbal. Um vinho leve, seco e macio. Da mesma vinícola provamos o João Pires Branco, um tradicional moscatel de Setúbal, macio, frutado, com notas de maçã e pêssego.

Passamos para a Herdade do Freixo para provar o Freixo Reserva Tinto, um blend de cabernet sauvignon, alicante bouschet e touriga nacional. Um vinho que expressa o Alentejo: intenso, frutado, macio e com o amadeirado na medida. Da Herdade do Esporão provamos o Esporão Reserva, composto a partir de alicante bouschet, touriga nacional, aragonez, syrah, trincadeira, cabernet sauvignon e touriga franca, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. Um vinho frutado, que lembra ameixas, com notas de especiarias e final persistente. Belo vinho!

Da conhecida Quinta do Crasto, do Douro, provamos o Crasto Reserva de Vinhas Velhas. Um vinho único porque é uma mistura de castas 25 a 30 castas diferentes, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês e americano. Ele é um vinho complexo, com notas de frutas silvestres, cacau e um amadeirado bem inserido, muito elegante. Da região de Lisboa provamos o Romeira, da Caves Velhas, feito com as uvas aragonez, trincadeira e alicante bouschet, com sabor intenso de frutas vermelhas e baunilha e um final muito macio e agradável.

Pausa para um belo encontro com a produtora Laura, da Quinta da Casa Amarela, que fica na margem esquerda do Rio Douro. A vinícola familiar produz excelentes vinhos. Tanto que gostamos de absolutamente todos que provamos. Começamos com o Grande Reserva branco, um blend de viozinho, rabigato e gouveio que estagiou por oito meses em barricas de carvalho francês – que deu a ele um levíssimo amadeirado – e que estava fresco, cítrico, muito agradável. Passamos para o tinto Casa Amarela Reserva, um blend de touriga franca, touriga nacional, tinta roriz e “outras” (segredinho da Laura) de vinhas com mais de 65 anos de idade e que ainda estagia por 12 meses de barricas de carvalho francês. Excelente! E o vinho que leva o seu nome, Laura, com um tradicional blend de touriga franca, touriga nacional e tinta roriz que deu a ele um sensorial de frutas escuras, ameixa, baunilha, especiarias e um amadeirado dos 14 meses de estágio em barricas de carvalho francês. Um vinho complexo, equilibrado e muito elegante.

Seguimos para o estande da Sogrape, para provar o seu Herdade do Peso Reserva Alentejo DOC, um blend de touriga nacional, alicante bouschet e cabernet sauvignon. Um sensorial intenso de frutas vermelhas, groselha, especiarias e tabaco. Um vinho com personalidade. E provamos dois excelentes vinhos da Quinta do Casal Branco, do Tejo. O Falcoaria Fernao Pires é um branco varietal, cítrico, que lembra maçã, lima e damasco, muito elegante e um excelente final mineral. O tinto é um blend de castelão, cabernet sauvignon, touriga nacional e alicante bouschet, com nove meses maturando em barricas de carvalho francês, com sensorial intenso de frutas vermelhas maduras, um toque de especiarias e final bem aveludado.

Provamos um inusitado pinot noir português da Casa Cadaval, do Tejo. Uma grata surpresa, pois ele mostrou muita personalidade, evidenciando notas de amora, cereja e groselha, com um toque de especiarias. Outro belo exemplar da mesma vinícola é o Marquesa de Cadaval, um blend de alicante bouschet, touriga nacional e trincadeira. Tem um intenso sensorial de frutas vermelhas maduras e toques de chocolate e especiarias. Encorpado, com excelente estrutura e um elegante equilíbrio. Também do Tejo provamos da Quinta da Alorna o Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto, feito de cabernet sauvignon, touriga nacional, castelão e trincadeira das pratas. Um vinho encorpado, com um intenso sensorial de frutas vermelhas e toques de baunilha, chocolate e um amadeirado no final. Belo vinho!

Vistamos o estande da Vinícola Menin, na região do Douro, de propriedade do brasileiro Rubens Menin, empresário em diversos setores, como construção civil (MRV), banco (Banco Inter) e mídia (CNN Brasil). E começamos em alto estilo, provando o Menin Grande Reserva que é um blend de várias uvas de vinhas velhas com 20 meses de maturação em barricas de carvalho. Um vinho potente, com a intensidade de frutas vermelhas, nuances de groselha e amora e de ótimo frescor e equilíbrio.

Hora do Teixinha Field Blend Tinto 2022, da Herdade da Malhadinha, um vinho feito de um blend de vinhas de mais de 50 anos onde predominam as castas aragonez, alicante, bouschet e trincadeira, com 14 meses de maturação em barricas de carvalho francês. O rótulo traz uma curiosidade: uma carta escrita à mão que faz uma declaração de amor ao terroir do vinho na Serra de São Mamede, em Portoalegre, a região mais alta do Alentejo. Um belo vinho!

Pausa para mais uma boa resenha com Ana Rola, da Vinícola Rola da região do Douro. Com muita simpatia ela nos apresentou o Rola Reserva, um blend de touriga nacional, touriga franca e tinta roriz, com 12 meses de estágio em barricas de carvalho. Um vinho intenso, com sensorial de frutas maduras, ameixas, especiarias e toques amadeirados. E também degustamos o Rola Touriga Nacional, um vinho bem intenso, que estagiou 15 meses em barricas de carvalho, que entrega frutas vermelhas maduras, chocolate, tabaco e um amadeirado bem presente. Ótimos vinhos.

De repente uma surpresa: as maxis garrafas do Soalheiro. Altas, esguias… lindas! Mas as “normais” trazem uma bela linha de vinhos. O Soalheiro está sempre nas listas dos melhores Alvarinhos de Portugal, produzido na sub-região de Melgaço, famosa pelos seus vinhos verdes. O clássico Soalheiro Alvarinho é um branco seco, aromático, fresco de sabor intenso. O Granit é um alvarinho mais mineral. O Soalheiro Primeiras Vinhas é autoexplicativo, de vinhas com mais de 30 anos, mais encorpado e macio. O Soalheiro Reserva é excelente, denso e cremoso, com um amadeirado no final graças aos 11 meses maturando em barricas de carvalho. E, por fim, o Soalheiro Allo, que é uma combinação das castas alvarinho e loureiro, um vinho, aromático, mineral e muito equilibrado. Todos vinhos frescos, complexos e muito saborosos.

Voltamos para o vinho branco com o Villa Rosa Grande Reserva Bairrada DOC, da Adega de Cantanhede, 100% arinto, que tem um sensorial de aveia, baunilha, com um leve tostado e amadeirado. E provamos mais dois da Villa Rosa. O Reserva Branco não fica atrás do anterior, só um pouco menos amadeirado. Já o Grande Reserva Tinto é um blend de baga e touriga nacional, com aquele sensorial de frutas vermelhas maduras, com o amadeirado de 12 meses em barrica de carvalho francês. Um vinho complexo e elegante.

Nova pausa para rever os amigos da Anselmo Mendes. Lá degustamos o Curtimenta, uma das maiores referências de alvarinho português. Um vinho excelente, encorpado, maturado por nove meses em barricas de carvalho, complexo, fresco, com notas cítricas, minerais, herbais e florais, com um leve toque de baunilha. E provamos ainda o Parcela Única, que, como o nome já diz, é feito de uvas alvarinho selecionadas que traz aquele sensorial de frutas, como toranja, lima e maçã, com notas de baunilha, tostado e especiarias. Um vinho elegante, fresco, encorpado, macio e de final mineral. Só para constar, ele foi considerado recentemente como o melhor branco de Portugal.

Da vinícola Carmin, no Alentejo, degustamos o Regia Colheita Branco, um blend de antão vaz e arinto, que estagia por oito meses em barricas de carvalho húngaro e francês. Um vinho seco, encorpado, com sensorial de frutas brancas maduras, pêssego e ervas, de corpo médio e final longo. Em seguido provamos a versão Regia Colheita Reserva Tinto. Um blend de aragonês, trincadeira e alicante bouschet. Um vinho encorpado, com estágio de quatro meses em barricas de carvalho francês e americano e um sensorial de frutas vermelhas presentes e toques de chocolate, especiarias, tabaco e amadeirado. Dois ótimos vinhos!

Da vinícola João Portugal Ramos, no Alentejo, provamos o Marques de Borba Colheita, um blend de alicante bouschet, aragonez, trincadeira, touriga nacional, petit verdot e merlot, com estágio de seis meses em barricas de carvalho francês e americano. Um vinho com intenso sensorial de frutas vermelhas, com notas florais, de ervas, especiarias, amoras e cassis e um final persistente. Já a versão Marques de Borba Reserva traz um blend das uvas alicante bouschet, aragonez, cabernet sauvignon e trincadeira, com 18 meses de maturação em barricas de carvalho francês. Um vinho de sensorial intenso de frutas vermelhas e especiarias, potente, elegante e de boa textura. Mais dois ótimos vinhos!

Os fortificados

Deixamos para o final degustar os vinhos mais adocicados e fortificados. Selecionamos 10 rótulos. Começando por um ícone dos moscatéis de Setúbal: o Alambre, da vinícola José Maria da Fonseca. Ele estagia por dois anos em barricas de carvalho para evidenciar seu sensorial de laranja, damasco, caramelo, e sabor cremoso, frutado e bem adocicado.

Da Quinta da Casa Amarela, do Vale do Douro, provamos duas pérolas. O Casa Amarela Reserve Port que, como o nome diz, é um vinho do Porto excepcional, produzido com as castas touriga franca, tinta roriz, touriga nacional, tinta barroca “entre outras” (não é Laura?). Um vinho de grande intensidade de frutas vermelhas com notas de amora, canela e amadeirado, com um final longo e adocicado. O Casa Amarela Porto 10 anos tem a adição de tinta Amarela no mesmo blend do Reserve com um sensorial de figos, amêndoas, adocicado… e um pouco mais amadeirado. Muito bom!

Passamos para o Poças 20 Years Twany, clássico do Douro, um blend de touriga nacional, touriga franca, tinta roriz, tinta barroca e tinto cão que repousou por 20 anos em barricas de carvalho evidenciando seu sensorial de frutas vermelhas, principalmente cereja, cacau e de especiarias. O adocicado é tão forte quanto o teor alcóolico, de 20%. Mas é um vinho cremoso, elegante e delicioso!

Da Quinta do Casal Branco, do Tejo, provamos o Falcoaria Colheita Tardia, um blend de viognier e fernão pires com 24 meses de maturação em barricas de carvalho com um sensorial frutado de tangerina, manga, caramelo, castanhas e, claro, um adocicado que lembra mel. Aqui vale uma explicação. Este é um botrytis, um tipo de vinho doce feito com uvas afetadas pelo fungo Botrytis cinérea que causa uma “podridão nobre” nas uvas, concentrando seus açúcares e aromas, resultando em vinhos com características únicas e intensas.

Provamos três tradicionalíssimos vinhos do Porto da Ramos Pinto. O Porto Ramos Pinto Adriano Reserva Branco é um chardonnay envelhecido por seis meses em barris de carvalho francês, com sabor de uvas verdes adocicadas, com um alto amadeirado. Aqui também vale uma dica. O vinho do Porto branco não é muito valorizado no Brasil, mas deveria. Trata-se de um vinho excepcional, fresco, delicado, cremoso, que se gelado pode muito bem abrir ou fechar uma refeição gastronômica com excelência.

O Porto Ramos Pinto Adriano Tinto é um blend de tinta roriz, tinto cão e touriga franca envelhecidos por seis meses em barricas de carvalho. Tem um sensorial de amora, cereja, ameixa e nozes, com toques de especiarias e amadeirado. Um vinho elegante e persistente. Também provamos Ramos Pinto RP10 Tawny, uma minuciosa seleção de vinhos novos e mais velhos das castas touriga nacional, touriga franca, tinta roriz e tinta barroca que maturou por 15 meses em barricas de carvalho francês. Um Porto encorpado, com sensorial de laranja, damasco, ameixa, baunilha e nuances da madeira. Três vinhos do Porto clássicos e inquestionáveis.

Finalizamos nossa degustação na feira com o Quinta da Gaivosa 10 Anos Old Porto White, da vinícola Alves de Sousa, do Douro, que é um blend de touriga nacional, tinta Roriz e tinto cão. Um vinho de sensorial de laranja, nozes, amêndoas, caramelo, ervas e especiarias. Muito complexo, adocicado, mas refinado. E o Quinta da Gaivosa Porto LBV produzido a partir de pequenas parcelas de vinhedos antigos. Um vinho complexo, encorpado, cremoso, de sensorial intenso de frutas escuras, licor de cerejas e chocolate, perfeito para encerrar este evento maravilhoso com chave de ouro.

Esperamos ter trazido um panorama do que gostamos e nos desculpem se deixamos alguma pérola de fora. São muitos excelentes rótulos e é impossível degustar todos. Parabéns para os organizadores, os produtores que vieram especialmente de Portugal, os importadores, distribuidores e todo o pessoal envolvido. Um evento que se consolidou como um dos mais importantes do universo dos vinhos no Brasil com méritos. Nos vemos no próximo!

Lembrando que o Vinhos de Portugal 2025 é uma realização dos jornais O GLOBO, Valor Econômico e Público, em parceria com a ViniPortugal, com a participação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto; apoio das Comissões de Vinho do Alentejo, Dão, Lisboa, Tejo, Vinhos Verdes e Herdade do Peso, Turismo de Portugal, Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, Shopping Leblon e Sadia, hotel oficial Fairmont Rio (RJ), água oficial Águas Prata, cia. aérea oficial Azul, assessoria de imprensa InPress Porter Novelli, local oficial Jockey Club Brasileiro (RJ), loja oficial Porto Di Vino, rádio oficial CBN e curadoria Out of Paper.

Mais informações no site: https://vinhosdeportugal.oglobo.com.br/