A trajetória da cerveja Miller é repleta de fusões e guinadas comerciais que impactaram sua presença no Brasil
Se você gosta de uma boa história, prepare-se para conhecer a conturbada trajetória da cerveja Miller no Brasil. A Miller Brewing Company foi fundada em 1855 por Frederick Miller, um imigrante alemão que adquiriu uma pequena cervejaria em Milwaukee, Wisconsin, nos Estados Unidos. Desde então, a empresa cresceu e tornou-se uma das maiores cervejarias americanas. A Miller passou a internacionalizar seus negócios, por meio de uma presença forte em outros países ao produzir a Miller em parceria com outras cervejarias locais, como a joint venture MillerCoors com a gigante cervejaria canadense Molson Coors. Isto tornou a marca Miller amplamente conhecida no mundo todo, inclusive no Brasil.
A cerveja Miller passou a ser produzida no Brasil em 1995, graças a uma joint venture com a Brahma. Em pouco tempo de mercado, ela conseguiu um sucesso rápido, principalmente pelo seu estilo “draft” (chope engarrafado) leve e refrescante e por vir em garrafas long neck transparente, evidenciando sua bela cor dourada. Em 1999, houve por aqui a fusão da Brahma com a Antarctica, dando origem à Ambev. Assim, a cerveja a Miller renovou sua presença no Brasil, mas agora sob a nova direção da Ambev.


No dia 9 de julho de 2002 a cervejaria Miller se fundiu com a cervejaria sul-africana SAB, numa operação avaliada em US$ 3.6 bilhões, formando assim a SABMiller, segunda maior cervejaria do mundo. Entretanto, em 2007, apesar da Miller se estabilizar no mercado brasileiro, a SABMiller e a Ambev romperam a parceria. A SABMiller teria retirado a Miller do país por não concordar com os altos preços praticados pela Ambev, que preferiu focar mais em outras marcas de seu portfólio, como Budweiser, Stella Artois e Corona por seu maior apelo global e retorno comercial.
Pausa para entendermos um pouco mais do mercado de grandes fusões cervejeiras. Em 2004, a Interbrew (belga) e a Ambev (brasileira) se uniram para formar a InBev. Posteriormente, em 2008, a InBev adquiriu a Anheuser-Busch, uma cervejaria americana sediada em St. Louis, Missouri, líder no mercado americano de cerveja, conhecida por marcas como Budweiser e Busch. A fusão formou a maior cervejaria do mundo, a AB InBev. Aqui no Brasil, entretanto, a multinacional ainda usa Ambev como identidade no mercado nacional.
Retornamos à linha do tempo. Em 2011, a cerveja Miller voltou às gôndolas brasileiras, mas em regime de importação, trazida pela ImportBeer, grupo que também importava a cerveja para a República Tcheca, Argentina e Jamaica. Mas os negócios duraram apenas um ano e a cerveja foi desaparecendo das prateleiras.
Em 2015, a Miller passou a ser produzida e distribuída novamente no Brasil graças a um acordo da SABMiller com o Grupo Petrópolis. Contudo, em 2016, a Molson Coors adquiriu todo o portfólio global de marcas da SABMiller, ficando, obviamente, proprietária da marca “Miller”. Para complicar, no fim do mesmo ano, a SABMiller foi adquirida pela AB InBev.
Resultado: a presença da cerveja Miller no Brasil se tornou incerta, uma incógnita! O acordo da Molson com o Grupo Petrópolis foi encerado. Não há um importador ativo da Miller no Brasil, apenas alguns independentes que tornam difícil encontrar a cerveja para comprar e mesmo assim a preços pouco convidativos. Em uma busca rápida na Internet encontramos a Miller High Life long neck de 350 ml a R$ 29,90…
Não que a Miller seja uma cerveja excepcional, mas toda essa história conturbada e esse atual imbróglio demonstram como as fusões e aquisições das empresas cervejeiras criam esse tipo de situação. O mercado é atualmente comandado pelas grandes marcas que se formaram que seguem à risca interesses econômicos.
Cenas do próximo capítulo
A cerveja Miller voltou a aparecer no mercado brasileiro de uma outra forma. A O-I Glass (Owens Illinois), gigante multinacional americana, líder mundial na fabricação de embalagens de vidro, acaba de anunciar uma parceria com a INAB – Indústria Nacional de Bebidas, de Toledo, no Paraná, para desenvolver um modelo da garrafa da cerveja Miller High Life especialmente para exportação.




A fabricação das garrafas começou em março, na fábrica da O-I Glass em São Paulo, e serão produzidos os modelos de 355 e 600 ml para a cerveja Miller High Life que será envasada na INAB. Ou seja, como o Grupo Petrópolis não está mais produzindo a cerveja, a INAB assume a produção, envase e distribuição apenas para os canais exportadores.
“O setor de cervejas segue aquecido e estamos sempre atentos às necessidades dos nossos parceiros para podermos prover soluções que valorizem seus produtos, principalmente para marcas premium como a Miller, uma vez que o vidro preserva as características do líquido envasado, mantendo sua qualidade”
Raissa Almeida, coordenadora de Marketing da O-I Glass
A garrafa da Miller High Life conta com formato diferenciado e exclusivo de vidro de cor Flint, que privilegia o dourado vivo da bebida e de fácil identificação do consumidor da marca. Apesar de ser envasado no Brasil, o produto é destinado à exportação e comercialização em outros países da América Latina, como Colômbia, Equador, Panamá, Peru, Argentina, El Salvador e Honduras.
“Com mais este produto, estamos intensificando a parceria com a INAB, que é uma das grandes indústrias nacionais de bebidas, e fortalecendo nosso portfólio de cerveja. Mas estamos preparados para atender todos os tamanhos de projetos e encontrar soluções exclusivas e personalizadas em vidro para produtos nos mais diferentes segmentos”
Raissa Almeida, coordenadora de Marketing da O-I Glass
Não se espante caso essa novela não tenha acabado. Provavelmente haverão novos capítulos. Mais informações nos sites: www.ambev.com.br e www.o-i.com e nos Instagram: @ambev e @oi_glass
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