Oito rótulos produzidos pela cervejaria inglesa Marston’s Brewery retornam ao país importadas pela Boxer do Brasil
A Marston’s Brewery completa 190 anos em 2024. Mas quem ganhou um presente foi o público brasileiro. A importadora Boxer do Brasil trouxe de volta oito rótulos produzidos pela cervejaria inglesa para o país, sendo quatro deles inéditos por aqui. A cervejaria foi fundada em 1834 e construiu uma longa tradição de qualidade no Reino Unido.
Desde 2020, a Marston’s fez uma fusão com a dinamarquesa Carlsberg, terceira maior cervejaria do mundo. Hoje a marca administra sete fábricas e mais de 1.400 pubs. Seu portfólio é vasto, fruto de receitas próprias e aquisições de cervejarias no passado, como a Wychwood e a Eagle. Há ainda sete marcas produzidas sob licença, como a Shipyard.
A cervejaria exporta para cerca de 50 países e entre os rótulos que chegam agora pela primeira vez ao país estão as Wychwood King Goblin, uma Strong Ale inglesa de 6,6% de álcool, e a Wychwood Hobgoblin Session IPA, ambas em garrafas de 500 ml. Os outros dois rótulos são as Shypyard American Pale Ale e India Pale Ale, fruto de receitas especiais produzidas sob licença pela Marston’s e elaboradas em parceria com essa cervejaria norte-americana de Portland.
Já os rótulos que retornam ao Brasil são: Wychwood Hobgoblin IPA, premiada como melhor English IPA na edição britânica do World Beer Awards em 2021; Wychwood Hobgoblin Gold, uma Summer Ale medalha de bronze na edição do mesmo ano desse concurso; Wychwood Hobgoblin Ruby, uma English Brown Ale clássica com maltes e lúpulos ingleses também medalhista de bronze no mesmo ano da competição europeia; além da clássica English Pale Ale chamada Eagle Bombardier (antiga Wells Bombardier).
A degustação
Para celebrar o retorno da Marston’s ao Brasil, a importadora Boxer do Brasil, com mediação do competente jornalista, consultor, sommelier e professor Luis Celso Jr., promoveu uma degustação online com a presença virtual de diversos atores do segmento. O Portal Mesa de Bar participou e conta aqui suas impressões.
Começamos com as cervejas da Wychwood, nome da floresta que fica nos arredores da cidade inglesa de Witney, condado de Oxfordshire, onde ela fica e que tem fama de mal-assombrada. Por isso passou a explorar a figura do Hobgoblin (duende) em seus ótimos rótulos.
A primeira foi a Hobgoblin Gold. Ela é uma Summer Ale de 4,2% de teor alcóolico, dourada, leve e refrescante, com notas frutadas, como laranja, tangerina e até pera, um toque amendoado e amargor médio. Recebeu medalha de bronze na edição britânica do World Beer Awards 2021. Na receita, conta com uma pequena parcela de malte de trigo, além de lúpulos Pilgrim, Citra, Summit e Nelson Sauvin, uma combinação de ingleses, americanos e neozelandeses, o que foi uma inovação para os padrões ingleses. Uma cerveja para beber de litros.
Passamos para a Hobgoblin Ruby, uma English Brown Ale clássica de muito sucesso na Inglaterra. Entre os prêmios mais recentes está a medalha de bronze na edição britânica do World Beer Awards 2021. Tem cor marrom acobreada, com os maltes Pale, Crystal e Chocolate que são levemente tostados para trazer notas de amêndoas, caramelo e toffee, com um final bastante herbal. O corpo e o amargor dos lúpulos ingleses Styrian, Goldings e Fuggles são médio/baixo com teor alcóolico de 4,5%. Uma cerveja bem mais intensa que as Brown Ale produzidas pelas cervejarias brasileiras. Vale a pena experimentar.
A próxima foi a Hobgoblin IPA, eleita a melhor English IPA na edição britânica do World Beer Awards em 2021. Ela traz um maltado suave e faz um blend dos típicos lúpulos ingleses Fuggle e Golding com esloveno Styrian, uma variação do próprio Fuggle. Tem uma leve cor âmbar suave, intenso sabor herbáceo, terroso e cítrico, amargor médio/alto e final seco. Ela tem apenas 5% de teor alcóolico, no limite mínimo para o estilo. Em certas classificações o mínimo é 5,5%. Mas é uma IPA bem legal, que não deixa a desejar.
Passamos para a Shipyard, uma cervejaria norte-americana que surgiu em 1992 no Federal Jack’s, um famoso Brewpub de Portland, no Maine, no nordeste dos Estados Unidos. A cervejaria fez tanto sucesso que hoje fabrica também refrigerantes e destilados, além de operar brewpubs e restaurantes próprios. Em 2016 foi considerada a terceira marca de cerveja artesanal americana mais vendida no Reino Unido. Em 2019, passou a ser fabricada sob licença pela Marston’s.
Experimentamos a Shipyard American Pale Ale que, apesar de produzida na Inglaterra, manteve a interpretação “americanizada” do estilo, utilizando os lúpulos Chinook, Cascade, Columbus e Centennial. Os ingleses demoraram um pouco para aceitá-la, mas hoje ela faz sucesso por lá. O resultado enfatiza o amargor e as notas cítricas dos lúpulos, como pinho, limão e tangerina. O amargor é médio e o corpo médio-baixo, com 4,5% de teor alcóolico e um final seco. Uma cerveja refrescante, muito fácil de beber.
Passamos para a Eagle Bombardier, uma clássica English Pale Ale de 5,2% de teor alcóolico produzida desde a década de 1980 pela cervejaria Wells and Co., fundada em 1876 em Bedford, na Inglaterra, e adquirida pela Marston’s em 2017. A receita permaneceu a mesma, com maltes e lúpulos ingleses em perfeito equilíbrio.
De cor acobreada, ela traz aquelas características clássicas do malte tostado e amendoado, com leve toque de caramelo e toffee, notas de frutas secas, como ameixas e uvas-passas, e um amargor persistente e herbáceo do lúpulo Fuggle. O corpo médio-baixo não decepciona, pois o final é seco e chama para o próximo gole. No rótulo ela se intitula marketeramente de British Hopped Amber Beer e ainda enfatiza: Premium Beer! O pior que é mesmo tudo isso. Excelente!
Finalizamos a degustação com uma outra Hobgoblin. A King Goblin é uma Stong Ale baseada na versão Ruby, porém muito mais encorpada, alcoólica (6,6%) e complexa em aromas e sabores. Além dos maltes Pale, Crystal e Chocolate, traz os lúpulos ingleses Fuggle, Styrian, Sovereign além do americano Cascade. De cor rubi escura, o malte tostado se destaca no sabor, lembrando amêndoas, caramelo, toffee e frutas secas, como ameixas e uvas-passas. O amargor é médio-baixo, bem equilibrado pelo corpo médio-alto. O final traz a leve sensação de um licor de chocolate. Uma cerveja bacana que pode ser guardada para encerrar um belo jantar.
O Portal Mesa de Bar ficou encantado com o alto nível das cervejas da degustação e dá as boas-vindas ao retorno da Marston’s ao Brasil. Mais informações no site: https://www.boxerbeers.com/