Lalo Zanini, um dos maiores nomes da gastronomia paulistana e apaixonado pelo absinto, volta ao mercado com um novo rótulo: L’Absinthe
Se você acompanha a cena gastronômica paulistana, certamente já ouviu falar de restaurantes como Sushi Company, Companhia Asiática, Bar Armazém Paulista, JotaKa, Limone, Mercearia Nacional, café L’Absinthe, Le Caipirinha, Bossa Nova, Virô Bistrô e Tartuferia San Paolo. Pois eles fazem parte da lista de mais de 40 restaurantes criados pelo irrequieto Lalo Zanini – um dos empresários brasileiros que mais inovou na área de gastronomia no Brasil.
O empresário acaba de retomar uma de suas antigas paixões, o absinto, e acaba de lançar o L’Absinthe, um absinto premium e inovador que pretende trazer a bebida novamente aos holofotes, principalmente como ingrediente de coquetéis, aproveitando o bom momento da coquetelaria em todo Brasil.
A relação de Lalo com a bebida é curiosa. Tudo começou na década de 1990 em um jantar com amigos, quando um deles mostrou uma bebida que tinha trazido de Portugal, comprado de um pequeno produtor, e que era proibida em muitos países por conta de seu teor alcoólico acima dos 65%: o absinto. Lalo pirou! Foi atrás da dona da destilaria em Portugal, fechou com ela uma parceria e deu entrada nos trâmites legais de importação para o Brasil.
“Isto foi em 1999. Fomos o primeiro país no mundo a liberar a venda legalmente de absinto após 84 anos de proibição. Virei celebridade mundial”
Lalo Zanini, consultor, empresário gastronômico e sócio do L’Absinthe
O sucesso da empreitada foi o responsável pelo ressurgimento da bebida no mercado da América Latina, e, posteriormente, no mundo todo. Tanto que Lalo chegou a ter mais de 12 marcas de absinto. Entretanto, a “novidade etílica” esfriou na década de 2000, Lalo se desfez das marcas e passou a proferir palestras para inúmeros países interessados em saber mais sobre a bebida e em como introduzi-la em seus respectivos mercados. A nova função o transformou em um consultor, que também sabe como poucos como montar um restaurante do zero. Foi o que ele fez nos últimos anos. Mas o absinto nunca saiu de seu radar.
“Não existe nenhuma bebida no mundo com a história e o apelo do absinto. Artistas como Baudelaire, Rimbaud, Van Gogh, Oscar Wilde, Edgar Allan Poe, Toulouse-Lautrec, Hemingway, James Joyce, Modigliani, Pablo Picasso, Marcel Proust e Fernando Pessoa foram adeptos do absinto. Foi uma bebida tão popularmente consumida na França que era chamada por fada verde (la fée verte) em virtude de um suposto efeito alucinógeno”
Lalo Zanini, consultor, empresário gastronômico e sócio do L’Absinthe
Até hoje o absinto é uma bebida polêmica, banida ou mal vista em muitos países, mas já regulamentada em outros uma vez que que continua atraindo admiradores quando provam rótulos sérios, bem-feitos e com uma graduação alcóolica dentro das normas, abaixo dos 54%, como é o caso do L’Absinthe, que tem 53,7%.
O L’Absinythe
Lalo rodou o mundo e provou inúmeras receitas de absinto. Então, para retomar e fazer um rótulo que fosse fiel à receita original e superasse suas expectativas ele se uniu ao mestre-destilador João Fucci, que criou a cachaça Sagatiba, no início dos anos 2000, que vendeu e fundou sua própria destilaria, a Matrix, em Taquaritinga (SP). Ele é responsável por outros destilados de sucesso do mercado, como a TIIV, primeira vodka orgânica brasileira, e o gin Jungle.
Assim, a destilação do L’Absinthe contou com a expertise aliada à diferenciais tecnológicos. A base alcoólica parte de um álcool neutro de cana-de-açúcar de alta qualidade processado por uma patente de destilação (PI 9.803.894-0) exclusiva da Matrix, onde ele é redestilado 27 vezes em coluna. Assim, é possível extrair desse álcool todas as substâncias indesejáveis em uma bebida, que ainda restaram no álcool neutro. Isto garante pureza máxima e permite que a graduação alcoólica desejada – neste caso, 53,7% – seja atingida no equipamento sem qualquer adição posterior de água.
“Essa tecnologia permite que tenhamos uma base alcoólica, sem modéstia alguma, como sendo uma das melhores do mundo, talvez a melhor. Por esse motivo nossos produtos não causam desconfortos no dia seguinte ao consumo pois são isentos de substâncias tóxicas como, por exemplo, o carbamato de etila que inclusive se mostrou cancerígeno”
João Fucci, mestre-destilador da Matrix que produz o L’Absinthe
Os botânicos para a recita do L’Absinthe foram escolhidos para serem os mais fiéis possíveis à fórmula original de Provence. Fuccci fez questão de trabalhar os botânicos individualmente, conforme a característica de cada um deles, e assim conseguiu extrair os óleos essenciais de uma forma mais pura e “brilhante”, evitando o aroma “cozido” normalmente percebido quando não se tem esse cuidado.
“A maior dificuldade é a seleção dos botânicos e a extração do anetol, óleo essencial responsável pela emulsificação do absinto tornando-o leitoso na presença de água. Essa forma de extração e manuseio dos botânicos, estudada, criada e adotada por nós, diferente da forma tradicional de produção, pode ser também considerada um acréscimo de diferencial. A extração das substâncias da artemísia absinthum também requer cuidados especiais, pois tende a amargar muito o produto”
João Fucci, mestre-destilador da Matrix que produz o L’Absinthe
Entre os botânicos presentes no L’Absinthe estão a Artemísia Absinthum, o Anis-estrelado, a Erva doce, a Hortelã, entre outros que Fucci prefere manter “em segredo”. E para atingir a bela cor verde ele usou corante natural de clorofila. Como resultado, a bebida adquiriu uma doçura presente em equilíbrio a um buquê herbáceo bem acentuado, remetendo a anis, erva-doce e hortelã.
O ousado L’Absinthe
O Portal Mesa de Bar foi convidado para a festa de lançamento do L’Absinthe no espaço Magnólia, no bairro paulistano dos Jardins, e pode provar a bebida em primeira-mão, tanto pura quanto em drinks, preparados pelo renomado mixologista Marcelo Serrano.
Na nossa avaliação a versão pura agradou bastante. Apesar de um pouco doce, ela tem um aroma muito agradável, uma cor verde esmeralda apaixonante, um corpo aveludado e pode ser degustada sem medo do teor alcóolico. Os drinks também funcionaram muito bem, principalmente o Le Mojito Vert – que intensificou a hortelã – e o Le Secret Vert, que ofereceu uma ousadia ao misturar ingredientes tão distintos para obter um excelente resultado final.
Destaque também para o Le Ritual que, como o nome diz, é o ritual tradicional de se apreciar a bebida. Aliás, a caixa da garrafa vem com uma com uma colher de metal especial, a fim de proporcionar o ritual de se colocar o torrão de açúcar sob o copo, molhá-lo com o absinto, queimá-lo e ir derramando a água gelada aos poucos.
Confira as receitas:
Le Mojito Vert (L’Absinthe, hortelã, rum branco, limão, xarope de maçã verde e água com gás)
Le Secret Vert (L’Absinthe, xarope de lichia, espumante, suco de limão e espuma de gengibre)
La Muse (L’Absinthe, vinho branco, xarope de pêssego, suco de limão e tônica)
Pontarlier Sour (L’Absinthe, suco de abacaxi, licor salt e suco de limão siciliano)
Fairy Spritz (L’Absinthe, água com gás e canela em pau)
Le Ritual (L’Absinthe, torrão de açúcar e água gelada)
Mais informações no site: https://www.labsinthe.com.br/ ou no Instagram: @labsintheoriginal