A Cooperativa Vinícola Aurora iniciou a colheita da sua safra 2024 de uvas e a estimativa é chegar aos 63 milhões de quilos

Prestes a completar 93 anos de história, a Cooperativa Vinícola Aurora iniciou o recebimento da safra 2024. A projeção é colher 63 milhões de quilos de uvas até março. Apesar de substancial, o volume deverá ficar 2,5% abaixo da média dos últimos 10 anos. Na comparação com a vindima de 2023, houve uma redução de 10,6% que muito se deve aos efeitos climáticos do fenômeno El Niño na Serra Gaúcha. Na última década, a média anual de volume foi 64,4 milhões de quilos, sendo que a maior safra registrada foi em 2021 (90 mi) e o menor volume em 2016 (33,6 mi).

A produção dos viticultores cooperados é realizada em 11 municípios da Serra Gaúcha. São 2,8 mil hectares de área cultivada por 1,1 mil produtores familiares em Bento Gonçalves, Veranópolis, São Valentim do Sul, Guaporé, Cotiporã, Monte Belo do Sul, Santa Tereza, Pinto Bandeira, Vila Flores, Farroupilha e Garibaldi. São produzidas 56 variedades de uvas. Entre as principais estão a Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir (vitis viniferas) e Isabel, Concord, Seibel e Bordô (americanas e híbridas).

As primeiras variedades viníferas a serem colhidas foram Chardonnay, Pinot Noir e Malvasia de Cândia Aromática e das americanas e híbridas BRS Magna, BRS Violeta, Bordô e Isabel Precoce. Na sequência, chegarão castas como Riesling Itálico, Egiodola e Viognier. A média diária desse início de janeiro é de cerca de 1 milhão de quilos por dia.

“No auge da safra, no mês de fevereiro, chegamos a receber até 2,5 milhões de quilos por dia. Toda essa operação é realizada com horário marcado para preservar a qualidade da matéria-prima e para que consigamos fazer o processamento da uva no menor tempo possível”
Maurício Bonafé, gerente Agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora

Segundo Bonafé, a qualidade e a sanidade das uvas nesta safra estão dentro dos padrões, com destaque para a variedade Chardonnay, utilizada para a elaboração de espumantes, e para as uvas que são destinadas para o suco integral.

“A Charddonay está com ótimo nível de acidez e grau brix, ideal para a produção de espumantes, enquanto que variedades como Magna, Violeta e Bordô estão com excelente padrão de cor e sanidade para elaboração de um dos nossos principais produtos em volume, que é o suco de uva integral”
Maurício Bonafé, gerente Agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora

Mecanização auxilia na safra

A Aurora é a maior cooperativa vinícola brasileira e responde por cerca de 10% da safra gaúcha da fruta para processamento. Cerca de 75% são de variedades americanas e híbridas, destinadas para sucos de uva integrais e vinhos de mesa, e 25% de vitis viniferas, usadas na elaboração de vinhos finos e espumantes.

A empresa desenvolveu um programa para acelerar a substituição das antigas caixas de 20 quilos por bins plásticos com capacidade de até meia tonelada. A iniciativa tem objetivo de ajudar em todo o processo, desde a colheita nas propriedades dos 1,1 mil associados, até chegar à entrega nas três unidades de recebimento (Matriz, Vale dos Vinhedos e unidade 2), em Bento Gonçalves (RS).

Atualmente, 85% do volume de uvas já é colhido pelos produtores cooperados com o uso dos bins, que podem ser manipulados por empilhadeiras e colocados em caminhões, o que que reduz o esforço excessivo durante a safra, além de diminuir a necessidade de mão de obra contratada.

“Nos próximos três anos teremos toda a colheita realizada com auxílio de bins. O principal benefício é com a saúde e o bem-estar dos viticultores. Além disso, os produtores ainda estão se adequando ao Programa de Boas Práticas Agrícolas e à reestruturação operacional da cooperativa, já que reduz o tempo de descarregamento, o uso de mão de obra temporária e a perda de mosto no percurso entre a propriedade e a vinícola”
Maurício Bonafé, gerente Agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora

Mudanças para uma safra mais segura

A Vinícola Aurora não deseja repetir o episódio lamentável da colheita da uva no ano passado. Os trabalhadores temporários foram contratados pela Fênix, uma empresa terceirizada, que ofereceu a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. A maioria deles viajou da Bahia para o Rio Grande do Sul e acabaram sendo extorquidos, ameaçados, agredidos e trabalhando em condições análogas à escravidão.

Assim, ao longo de 2023, a Cooperativa Vinícola Aurora trabalhou para proporcionar aos associados todo o suporte necessário para a vindima deste ano. Dentro do programa Boas Práticas Agrícolas, a empresa orientou os viticultores para aspectos como a exigência de contratação formal dos trabalhadores temporários e as condições para os alojamentos.

Para isso, todos os 1,1 mil cooperados receberam visitas técnicas da equipe agrícola, com orientações sobre as adequações e construções necessárias para estarem de acordo com as normas que garantem as condições de trabalho justo e decente, tanto para os próprios viticultores como para os funcionários temporários.

“Temos uma média de contratação de 3 a 4 pessoas por propriedade rural e queremos que a safra transcorra da melhor forma possível. Todos os cooperados receberam o auxílio para os procedimentos para a contratação formal de trabalhadores, orientação para o uso de equipamento de proteção individual, além de instruções sobre carga horária de trabalho e outros cuidados que o viticultor precisa tomar”
Renê Tonello, presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Vinícola Aurora

Mais informações no site: https://www.vinicolaaurora.com.br/