Faça um passeio pela edição 2025 da Anuga, uma das maiores feiras de alimentos e bebidas do Brasil que aconteceu em São Paulo em abril
A sexta edição da Anuga Select Brazil 2025 aconteceu de 8 a 10 de abril de 2025, no Distrito Anhembi, em São Paulo. Ela é uma das mais significativas feiras do mercado dedicada à indústria alimentícia e de bebidas. É um imenso canal gerador de negócios, pois oferece uma vitrine de lançamentos e apresentação de portfólio de produtos nacionais e internacionais voltados para o varejo, rede food service, alimentação fora do lar e hotelaria.
Organizada pela Koelnmesse Brasil, a feira foi uma excelente oportunidade para expositores e visitantes conhecerem novos fornecedores e produtos, participar de degustações, assistir apresentações de especialistas e ficar por dentro das grandes tendências e inovações mundiais em alimentos e bebidas para expandir e aumentar a competitividade dos negócios.
Mais de 510 marcas expositoras de 38 países da indústria de A&B do mercado e 16 mil visitantes de 65 países participaram da feira, entre fabricantes de alimentos e bebidas, importadores, exportadores e distribuidores, além de equipamentos e serviços para o segmento de food service e profissionais do setor. Um recorde absoluto.



O Portal Mesa de Bar esteve presente na Anuga 2025 e descreve a seguir um resumo do que conseguiu constatar, uma vez que é impossível visitar todos os estandes e degustar uma imensidão de produtos disponíveis. É claro que concentramos nossa visita no universo das bebidas. Vamos lá:
Começamos nosso tour pela Anuga visitando um pavilhão 100% dedicado à cachaça, que fez sua primeira participação na feira coordenada pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), entidade representativa do segmento produtivo da cachaça. Produtores de cinco estados brasileiros expuseram rótulos: Famigerada, de Mato Verde (MG), Gogó da Ema, de São Sebastião (AL), Pitú, de Vitória de Santo Antão (PE), Weber Haus, de Ivoti (RS) e Ypióca, de Fortaleza (CE).
Ficamos positivamente impressionados com o nível dos destilados apresentados. E a variedade de propostas. Enquanto a Famigerada, Gogó da Ema e Weber Haus (que também expôs uma vodka) apostam em produtos premium (sensacionais!) com diferentes tipos de envelhecimento em madeiras brasileiras, francesas e americanas, a Ypióca acaba de lançar uma cachaça ouro especial, também envelhecida, formulada para drinks, e a popular Pitú diversificou, com versões da sua cachaça com aditivos e ready to drinks saborizados, todos em latas. Entretanto, trouxe para a feira a cachaça Vitoriosa, desenvolvida para comemorar o 75º aniversário da Pitú, em dezembro de 2013, que é envelhecida por 5 anos em barricas de carvalho francês e americano. Ou seja, a cachaças premium estão definitivamente em alta.








“A participação no evento visa reforçar a relevância da cachaça no mercado nacional, bem como expandir sua presença no mercado externo. O setor gera 600 mil empregos diretos e indiretos. A bebida é símbolo nacional, haja vista ser a cachaça a primeira Indicação Geográfica do Brasil, sendo protegida em quatro mercados: Chile, México, Estados Unidos e Colômbia”
Andressa Jordão, diretora-executiva do IBRAC
Saindo das cachaças, encontramos o estande da Chopp Berger, da cidade de Praia Grande no litoral sul paulista, especializado em atender os eventos da baixada santista que nos serviu um chope pilsen bem refrescante. E ao lado encontramos a máquina de autosserviço da Techbar, que também foca em eventos e permite que a pessoa escolha o drink, coloque o copo e se sirva a toques no visor. As máquinas de autosserviço estão se tornando cada vez mais comuns, uma tendência que começou com os bares de cerveja, passou para drinks e…
Próxima parada vinho. Começamos pela Bodega Tagua onde provamos o Tagua Cabernet Sauvignon, um ótimo varietal chileno do Vale do Rapel, com 16 a 22 meses de envelhecimento em barricas de carvalho francês. Um vinho intenso, seco, com muita fruta vermelha. Passamos para o Tagua Gran Reserva um blend de 60% cabernet sauvignon, 35% syrah e 5% nebbiolo. Um vinho do Vale do Rapel, com o tradicional sensorial de frutas vermelhas, muito saboroso, encorpado e equilibrado. Da mesma vinícola, porém do Vale de Maule, provamos o Tagua Limited Edition 35% garnacha, 33% syrah e 32% carignan. Um vinho também muito equilibrado, com notas intensas de frutas vermelhas, como framboesa e cereja, e bem fresco.








Provamos ainda o El Maiten Superior, uma outra linha da vinícola Tagua. Superior significa que é um vinho de qualidade que se aproxima de um reserva. Ele é um blend de cabernet sauvignon e shyrah. Quatro ótimas surpresas. Como curiosidade, tagua é uma ave semelhante a um pato selvagem que vive em lagos e lagoas.
Por falar em curiosidades, na Anuga pudemos encontrar surpresas, como vimos no estande do Sebrae. O Syrup, da Straw, é um xarope de calda de morango, com 75% de fruta em sua composição. Uma boa alternativa como ingrediente para coquetéis de frutas vermelhas. E próximo estava o estande da Cerveja Cigana, que esteve na feira do ano passado. A Cigana faz cervejas para os “ciganos”, aqueles que que não tem uma fábrica de cerveja própria e alugam a infraestrutura industrial dela para produzir seus rótulos. Porque não!?
Mas surpresa mesmo foram as bebidas japonesas. O primeiro é um sake que vem todo em japonês e não dá nem para dizer o nome… Mas o Sake Hakutsuru Daiginjo Clear Bottle é um daiginjo (polimento mínimo de 50%) e vem em uma garrafinha de alumínio de 180 ml que conserva os sabores e os aromas deste sake, produzido com fermentação lenta, de alta qualidade, levemente doce e fácil de beber. E os drinks da 2-Hai. A bebida que é febre no Japão agora está no Brasil. Inspirado no clássico Chu-Hai, o drink dos izakayas de Tóquio, é uma bebida leve, refrescante, que mistura o doce das frutas com a suavidade do sochu, o tradicional destilado japonês. Tem baixo teor alcoólico e vem em dois sabores: Citrus (limão) e Passion Citrus (maracujá com limão). Kanpai!








Mais à frente, nos deparamos com o Gin Morrison, produzido em pequenos lotes em São José do Rio Preto (SP). Ele passa por um processo de infusão de botânicos selecionados e depois é novamente destilado garantindo um bom resultado final. Boa descoberta! E ao seu lado o mestre alquimista dos gins, Arthur Flosi, que faz o excelente BEG Gin, nos brindou com o seu excepcional Negroni pronto para beber e nos deixou prontos para sorrir!
Outras duas boas descobertas em relação aos destilados. A primeira foi no estande da Dilute que fabrica espumas saborizadas para coquetéis. Sim! O clássico Moscow Mule usa a espuma de gengibre, mas na mixologia atual a espuma pode finalizar diversos tipos de coquetéis com maestria. E, aliás, com criatividade nos sabores. A marca oferece maçã verde, frutas vermelhas, a tradicional de gengibre e a de três limões.
A segunda foi a Acquamix Soda. Ela é uma água potável triplamente filtrada e extremamente gaseificada. É usada na coquetelaria para o preparo da soda italiana ou para gaseificar drinks. Os argentinos, por exemplo, gostam de usar paté para gaseificar o vinho. A Acquamix tem um sifão inovador que permite a manutenção do gás e a pressão durante todo o período de consumo da Soda. E ainda por cima tem a vantagem de ser retornável.
Já que falamos de água, estivemos no estande da Personal, especializada em produzir água mineral personalizadas para empresas, com logo aplicado na embalagem (PET, lata ou tetrapak) desejada. Aproveitamos para hidratar e seguimos em frente!








Hora de conhecer os destilados da Jambuia com jambu, aquela erva nativa da Amazônia que provoca uma sensação de adormecimento e formigamento na boca. A marca oferece produtos como a cachaça Jambuia Amazônia e o Jambuia Iara Gin, além de outros produtos com a mesma base. Gostamos bastante, os dois produtos são premium, inclusive no preço…
Encontramos outro estande de cachaça, desta vez do Velho Alambique, de Santa Tereza (RS) e lá provamos a sua Extra Premium 4 Anos, que, como nome diz, é envelhecida por 4 anos em barricas de carvalho americano de primeiro uso que dão a ela um toque de baunilha, coco queimado e um defumado. Não chegamos a experimentar, mas no estande havia versões da cachaça da marca em belíssimas garrafas de porcelana. Ótimo presente! E ainda uma linha de licores de limão, chocolate e os exóticos de cappuccino e figo! Fica para a próxima.
Ao lado havia outro estande com as cachaças da Duque Envasadora, de Campinas (SP), da linha Drinks Duque. A destilaria aposta no envelhecimento em barricas de diferentes madeiras: jatobá, bálsamo, umburana e jequitibá, uma prática que se consolidou entre as cachaças mais sofisticadas. Tanto que ela fez uma versão envelhecida 18 anos em barricas de carvalho americano que é o seu xodó… e de muitos dos seus admiradores!
E finalizamos nossa expedição na feira pelas cachaças brasileiras experimentando a Inara Soleira, uma cachaça extra premium produzida em São Simão (SP) e envelhecida em barricas de carvalho francês de primeiro uso. A soleira é um antigo método de envelhecimento no qual as barricas são empilhadas e a bebida é transferida periodicamente de uma para outra, de cima para baixo. Assim, as cachaças na base que passam mais tempo nos barris absorvem as características de cada barril de cima, resultando em uma bebida de sabor incrível e de alta qualidade. Detalhe: foram produzidas apenas 150 garrafas, todas numeradas na tampa. Se achar uma…
Pouco acima reencontramos um velho (e ótimo!) conhecido: o Gin AMZ. Ele é feito no Pará e leva jambu, que deixa a boca meio dormente. O AMZ Tropical Dry Gin vem em garrafa de 700 ml, em lata de 350 ml e agora em garrafa de 1 litro, ótimo para bares, similares, festas etc… Boa ideia!
Ao lado encontramos o Energético Tüm, produzido em Florianópolis (SC), sem taurina, com cafeína 100% natural, poucas calorias e um sabor de frutas vermelhas bem adocicado. Um energético vegano, com versões normal e zero açúcar, de olho na turma do beach tênis e afins…








Com saudades dos vinhos, encontramos o Puesto del Marqués Reserva Malbec da Bodega Puesto del Marqués, no Valles Calchaquíes, na Argentina. Os vinhedos ficam a 1.900 m de altitude, o que é bom sinal, e 50% do vinho matura por um ano em barricas de carvalho francês. Um belo vinho para acompanhar um bife de tira! Da vinícola italiana Buccia Nera, da Toscana, provamos o Tenimenti Mancini Podere della Filandra Toscana Bianco, um blend de malvasia, grechetto e trebbiano, bem refrescante. Da também vinícola italiana Mario Costa, no Piemonte, provamos o S-Ciass Barbera d’Alba Superiore, um ótimo 100% barbera que amadurece por 14 meses em barricas de carvalho francês e depois por mais seis meses na garrafa. Lembra uma mistura de groselha e figo, com um toque de canela.
Pausa para um deleite gastronômico: os famosos jamons pata negra servidos do jeito tradicional, cortados em tiras na hora de “belas patas” da Beher Produtos Ibéricos. Estupendo!
Na nossa última excursão pelos vinhos da Anuga encontramos da importadora Mapu Tierra Sagrada o Vigno Carignan, um varietal do Vale do Maule, no Chile, da coleção assinada pela Baron de Philippe Rothschild que resgatou as vinhas velhas da região. A qualidade da carignan chilena é indiscutível e esse vinho é um belo representante. Tanto que passa 14 meses em barricas de carvalho francês e tem aquele sensorial de frutas vermelhas maduras, tabaco, café e amadeirado. Os vinhos Vigno estão entre os grandes tintos do país.
O Valloria Sangiovese, da vinícola Castello di Lozzolo, na região de italiana de Rubicone, é um vinho para quem deseja descobrir a sangiovese, com aquele característico sabor de frutas vermelhas maduras com toques de baunilha, chocolate e tabaco. Passando para a França, degustamos o Châteauneuf-du-Pape da Domaine St Patrice, um blend clássico de grenache syrah e mourvèdre. Com um sensorial de morango, cereja, amora e ameixa, com um toque de especiarias e amadeirado. Um excelente vinho que faz jus à fama dos Châteauneuf-du-Pape!






Passamos para o Bolgheri Superiore, da vinícola Tenuta le Colonne, na Toscana, um blend de 80% cabernet franc, 10% cabernet sauvignon e 10% petit verdot. Um vinho com um ano de passagem em barris de carvalho e um ano de adega. Um vinho bem fresco e interessante. Guinada para a vinícola Poggio Landi para degustar o seu Brunello di Montalcino. Um vinho clássico e intenso, com sensorial de frutas vermelhas maduras, com toques de pimenta-do-reino e um ligeiro adocicado no final.
Reencontramos com o Disobedience By Francis Mallman, da vinícola Kaiken. Este chef argentino mundialmente famoso assinou o vinho com a recomendação de ser degustado “para festejar amizade, amor, reencontro… E celebrar a liberdade, pois ninguém pode decidir como fazer”. Pois ele é feito com 60% malbec, 30% cabernet sauvignon e 10% merlot com 15 meses de amadurecimento em 30% em barricas de carvalho francês de primeiro uso e 70% em barricas de segundo a quarto uso, com ainda seis meses de estágio em garrafa. Ou seja, um vinho “desobediente” como Mallmann, mas muito bem elaborado.
Seguimos para os portugueses para degustar o Vinha da Curia, da vinícola homônima da região da Bairrada, um blend de cabernet sauvignon, touriga nacional e aragonez que tem aquele sensorial clássico de frutas vermelhas, especiarias e umas notas terrosas. Passamos para o Porta d’Armas Dão DOC, um blend inusitado de touriga nacional, jaen e alfrocheiro, com oito meses maturando em barricas tostadas, que lhe deram um sensorial de frutas vermelhas, tabaco, chocolate e um forte amadeirado. E finalizamos com o Escudo Rojo Baronesa P., um chileno de respeito, que homenageia a Baronesa Philippine de Rothschild, responsável pela expansão da Baron Philippe de Rothschild no Chile com os projetos dos vinhos Almaviva e este da Escudo Rojo. Um blend de 81% cabernet sauvignon, 8% carménère, 5% petit verdot, 3% cabernet franc e 3% syrah, puxando para as frutas negras maduras, especiarias, tabaco, com toques de baunilha, caramelo e avelã. Um vinho potente e elegante.
Terminamos nosso tour pela Anuga 2025 com a certeza de que o evento continua a ser uma ótima agenda para todos que gravitam no universo das bebidas, uma vez que compartilha espaços com a gastronomia e apresenta possibilidades para descobertas, networking e grandes negócios. Parabéns aos envolvidos e nos vemos na edição de 2026.
Mais informações no site: www.anuga-brazil.com.br e no Instaram: @anugabrazil
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