Cachaça bate recorde de exportações em 2022 superando o patamar dos US$ 20 milhões

As exportações de cachaça acabam de bater um recorde histórico. Elas fecharam o ano passado acima dos US$ 20 milhões. É a primeira vez que os números atingem esse patamar. Os embarques brasileiros de bebidas derivadas de cana, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, saltaram 52% entre 2021 e 2022 e somaram exatos US$ 20.080.607.

É o melhor número da série histórica iniciada em 1997, superando os US$ 18,335 milhões de 2014. O dado mostra que a cachaça emergiu da pandemia em condições favoráveis para conquistar espaço no mercado global. Se compararmos o fechamento de 2022 com o de 2019, último ano normal para o mercado de bebidas, as exportações subiram 37% (de US$ 14,6 mi para US$ 20,08 mi).

Em termos de volume, a alta nas vendas foi menor, ainda que robusta: 29%, saindo de 7,2 milhões de litros para 9,3 milhões, melhor resultado desde 2014. Mas representa um aumento de 52,38% em relação a 2021.

Em 2022, a bebida foi exportada para mais de 75 países, sendo que os principais destinos (em valor) foram: Estados Unidos, Alemanha, Portugal, França e Itália. A alta em valor de vendas superior à da alta no volume indica claramente que as cachaças com maior valor agregado vêm ganhando espaço nas vendas para o exterior, refletindo o avanço do conhecimento dos apreciadores estrangeiros em relação ao nosso destilado.

O fenômeno está em linha com o processo geral de “premiunização” que é uma das tendências globais no mercado de spirits. Para a categoria como um todo, é extremamente positivo que mais marcas de cachaças atuem no mercado global.

Outro fato a se considerar é que o crescimento das exportações de cachaça em 2022 se deu em ritmo mais forte que o de outros destilados globais, como a tequila, que avançou 34% (números até outubro do ano passado) e vive seu momento de glória, a caminho de se tornar o destilado mais consumido dos EUA em algum momento dos próximos dois anos.

Isso significa que nosso destilado conseguiu aumentar marginalmente sua participação ainda extremamente modesta no mercado global de bebidas espirituosas, um setor que movimenta US$ 153 bilhões globalmente e que cresceu 6,9% em 2022, de acordo com a The Business Research Company.

ApexBrasil e IBRAC

A cachaça é a segunda bebida alcóolica mais querida pelos brasileiros, atrás apenas da cerveja. E pelos dados apresentados, ela está conquistando cada vez mais os consumidores de todo o mundo. Não à toa que, hoje, segundo o Anuário da Cachaça de 2021, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), existem 936 estabelecimentos produtores da bebida devidamente registrados, com 4.969 produtos.

“Em 2021, já seguíamos em direção a uma retomada, superando parte dos prejuízos causados pelo fechamento de bares e restaurantes em todo o mundo e proibição de comercialização de bebidas alcoólicas em função da COVID-19. Em 2022, não apenas retomamos, como superamos o balanço de 2019 e dos últimos doze anos. Quando olhamos outros destilados ainda temos uma longa caminhada, mas esse crescimento demonstra que estamos no caminho certo e, também, o potencial que a cachaça tem no mercado internacional. Uma bebida que se apresenta como uma nova opção de consumo, uma das mais versáteis, utilizada não somente como base da coquetelaria, mas com diversas formas de ser apreciada, cheia de história e que, no caso das envelhecidas, carrega a riqueza e características das madeiras brasileiras”
Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC

Muito do bom desempenho das exportações de cachaça pode ser creditado à entidades atuam conjuntamente com ações estratégicas em eventos e feiras no exterior com o objetivo de impulsionar o destilado no comércio internacional, como o Projeto Setorial “Cachaça: Taste the New, Taste Brasil”. Ele é realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), entidade representativa do segmento produtivo da cachaça. As empresas apoiadas pelo projeto foram responsáveis por pelo menos 65,4% deste valor recorde de exportação.

Desde 2012 o “Cachaça: Taste the New, Taste Brasil” atua para a promoção das exportações do setor, gerando reconhecimento, competitividade e apresentando a versatilidade do produto pelo mundo. O Projeto se dá por meio de um convênio entre as duas entidades, que é renovado a cada dois anos. O atual está vigente desde 2020 e foi prorrogado até março de 2023. No ano passado, das 67 empresas apoiadas pelo Projeto, 29 exportaram o montante de US$ 12,08 milhões. Os principais destinos foram Estados Unidos, Alemanha, Portugal, França e Espanha. 

Outra iniciativa desenvolvida em parceria com o IBRAC é o Programa de Qualificação para Exportação de Cachaça na versão agronegócio (PEIEX Agro Cachaça), que também tem apoiado o setor, preparando e qualificando as micro, pequenas e médias empresas para venderem no exterior. 

“O Projeto Setorial visa ampliar a base exportadora e consolidar o reconhecimento da cachaça como um destilado brasileiro de qualidade e competitivo internacionalmente. E o PEIEX Agro Cachaça visa qualificar as empresas para que comecem a exportar, adequando o seu produto, sua embalagem, e entendendo as diferentes demandas de cada mercado. Então, é uma integração entre diferentes serviços da Agência, desenvolvidas em parceria com o setor, que formam um elo completo da cadeia, desde a capacitação até o início da exportação”
Paula Soares, Gerente do Agronegócio da ApexBrasil 

Para fomentar ainda mais o acesso do produto a mercados internacionais, em especial das micro e pequenas empresas, a ApexBrasil e o IBRAC lançaram em 2022 um estudo sobre as exigências regulatórias da Alemanha, dos Estados Unidos, da França e do Paraguai sobre sua importação. O material pode ser acessado clicando aqui.

Mais informações nos sites https://apexbrasil.com.br/ e https://ibrac.net/