A 10ª edição do Encontro Mistral apresentou mais de 500 rótulos de 70 vinícolas de 13 países em São Paulo e no Rio de Janeiro

Com ingressos esgotados, a Mistral Importadora trouxe ao Brasil 74 produtores de vinho de 13 países para o Encontro Mistral 2023, nos dias 31 de julho, 01 e 02 de agosto, em São Paulo no hotel Grand Hyatt e dia 03 no Belmond Copacabana Palace no Rio de Janeiro. Criado em 2003, o evento completa duas décadas, como um dos mais respeitados do país e do mundo, e chega a sua 10ª edição no mesmo ano em que a importadora presidida por Ciro Lilla celebra o seu 50º aniversário.

O Encontro Mistral é uma oportunidade para enófilos e amantes do vinho degustarem alguns dos melhores e mais premiados vinhos, produzidos nas principais regiões vitivinícolas do Velho e Novo Mundo. Cerca de 500 rótulos estiveram disponíveis no evento, incluindo lançamentos, principais e premiados, que foram servidos ao público pessoalmente por seus próprios criadores.

O Portal Mesa de Bar foi convidado a participar do evento e ficou encantado com a organização e o nível dos rótulos oferecidos. E traz aqui um pouco do que viu e provou.

Vinícolas participantes

Neste ano, grandes vinícolas participaram do Encontro Mistral pela primeira vez. Foi o caso de duas francesas, que entraram recentemente no portfólio da Mistral. O Château Marjosse é o projeto pessoal de Pierre Lurton (responsável por Château Cheval Blanc e Château d’Yquem) e comandado por ele e sua mulher, a brasileira Alexandra Forbes. Além do casal ser uma simpatia, o Château Marjosse é um vinho muito interessante que deve animar o casal a elaborar mais bons rótulos no futuro. Outros franceses que brilharam foram os Chablis, incrivelmente elegantes, o incrível Vosne Romanée da Borgonha e o Clos de Mouches Blanc “de guarda” do produtor Joseph Drouhin.

Já a Famille Perrin, principal nome do Rhône, contou com a presença de François Perrin e família, apresentando rótulos de suas vinícolas. Provamos os ótimos da uva Grenache, o Gigondas La Gille e o Châteauneuf-du-Pape Les Sinards Rouge, de 93 pontos pelo Robert Parker. Quem não se encanta ao sorver um Châteauneuf du Pape? O emblemático Châteauneuf-du-Pape Château de Beaucastel, considerado um dos melhores vinhos da França, faz a gente concordar que os clássicos franceses são realmente excepcionais.

E na surdina, o produtor me apresentou o Coudolet de Beaucastel Côtes du Rhône e confessou que os vinhedos são separados por uma rua. Ou seja, por conta da denominação um custa X e o outro 3X. E não é que o Côtes du Rhône estava excelente!

A vinícola boutique Maison Les Alexandrins, trouxe os famosos Miraval (de Brad Pitt) e o La Vieille Ferme, de excelente relação qualidade/preço. Para quem esperava que o Brad Pitt viesse, ficou ao menos com a surpresa da versão do Miraval blanc, um vinho de pequena produção elaborado exclusivamente com a uva rolle, que na Itália é conhecida como vermentino, mais interessante que a badalada versão rosé.

Criada nos anos 1970 pelo Château Mouton Rothschild e o produtor Robert Mondavi, a Opus One, maior ícone do vinho californiano, também faz sua estreia no evento. Difícil foi degustar um de seus rótulos de tantos curiosos à frente do seu estande. Provamos o Overture e os blends das safras 2016 e 2018. Que vinhos! Valeu muito! E ainda deu para brindar com o Laurent Delassus, Diretor de Marketing Internacional da vinícola.

Outra vinícola americana presente ao evento foi a Ridge Vineyards. A bela Katie Blakely nos apresentou o Ridge Estate Chardonnay, um vinho de 94 pontos de Robert Parker e da Wine Spectator, sem dúvida um dos grandes brancos da Califórnia. E piramos no Ridge Monte Bello, inspirado no Châteu Latour, que está entre os maiores e mais admirados vinhos de todo o mundo, batendo os 97 pontos em todos os rankings especializados. E para fechar o passeio pelos californianos, provamos da vinícola Tablas Creek o Esprit de Tabla, um belo blend de Grenache, Mourvedre, Syrah e Counoise.  

Ao seu lado, estavam outras renomadas vinícolas do catálogo da importadora que ainda não tinham vindo ao Encontro Mistral, como a espanhola Viña Tondônia e a italiana Ca’ del Bosco, com excelentes surpresas. Da Tondônia experimentamos o Viña Bosconia Reserva, um blend potente que recebeu 96 pontos de James Suckling e o espetacular Reserva Viña Tondonia, considerado por Robert Parker “um dos melhores dos últimos tempos” apresentados pelas mãos da diretora Yolanda Varona.

No estande da Ca’ del Bosco encontramos com elegante e simpático Giacomo Marzotto, Diretor Regional para América Latina e Canadá da vinícola italiana de Franciacorta, que nos apresentou o Cuvée Prestige Brut 45 ED. Simplesmente delicioso! E também o Duemilasedici, um clássico da vinícola 100% Chardonnay.

O produtor italiano Paolo Coppo, que esteve na edição número um e participou de outras tantas, também esteve presente nesse ano com sua tradicional vinícola Coppo e apresentando a nova Dosio. Bons vinhos, além de ser uma simpatia!

E se tem um produtor que é “cara do Encontro Mistral” é o português Luís Pato. Conhecido como o “revolucionário da Bairrada” por ter conseguido domar a uva baga, o enólogo é o único que esteve presente em todas as edições do evento. Na foto ele está ao lado do amigo jornalista André Sollitto.

Estrelas do velho e novo mundo

Outros proprietários e enólogos de grandes vinícolas que integram o catálogo da Mistral marcaram presença na 10ª edição do Encontro. Foi realmente um desfile de maravilhas!

Começando pelo Velho Mundo, representaram a França nomes como o produtor de Champagne Bastien Collard, da Pol Roger, e o casal Marlene e Etienne-Arnaud Dopff, que comandam a Dopff au Moulin, uma propriedade familiar do século 16 na Alsácia. Da vinícola provamos o Riesling Schoenenbourg Grand Cru, um vinho seco, com grande mineralidade, e a versão em Gewurztraminer, com sua característica floral e de especiarias, e um final bem macio.

Da Pol Roger experimentamos o maravilhoso Champagne Brut Vintage millesimé que é produzido apenas nas melhores safras, com um corte de Pinot Noir e Chardonnay, de vinhedos exclusivamente classificados como Grands Crus, e a versão Rosé Brut Vintage, que leva 15% de Pinot Noir e é vinificado como vinho tinto. Mon dieu!

Outro francês interessante foi Faiveley, um dos maiores nomes da Borgonha, que nos apresentou o Nuits Saint Georges e o Gevrey-Chambertin, vinhos de 94 pontos pela Wine Spectator.

Da Itália, Roberto Stucchi, enólogo da Badia a Coltibuono, nos apresentou o seu Chianti Classico, cuja vinificação ocorre com leveduras espontâneas de Sangiovese para gerar um vinho de estrutura forte, mas delicado. O outro rótulo foi o Sangioveto di Toscana, um dos grandes Supertoscano de ótimo custo/benefício.

Outro produtor, o Tenuta Delle Terre Nere, apresentou o Etna Rosso San Lorenzo, cultivado em solos vulcânicos na Catania bem intenso, com notas de frutas negras maduras e especiarias, e o Etna Rosso, cultivado mesmo nas encostas do vulcão Etna o que o deixa muito particular. Mas a surpresa foi o Etna Rosso Feudo di Mezzo Il Quadro delle Rose, um vinho feito de uvas Nerello Mascales de parreiras centenárias nas encostas do Etna e de pequena produção. Uma joia rara de 95 pontos do James Suckling.

Da península Ibérica, destaque para os espanhóis Miquel Angel Cerdà, proprietário e enólogo das vinícolas Anima Negra e Terra de Falanis, e Adrián Martínez-Bujanda, representante da Família Martinez BujandaViña Bujanda e Cosecheros y Criadores. Ouvimos dele boas explicações sobre o Viña Bujanda Crianza, feito com a casta Tempranillo de vinhedos antigos. Depois provamos a versão Gran Reserva, maturado 24 meses em barricas de carvalho francês e americano, seguido de três anos em garrafa.

Da famosa região de La Rioja, experimentamos da vinícola Macán (Vega Sicilia & Rothschild) o Macán Clásico, um vinho muito potente, de 93 pontos do Robert Parker, e o que deu origem à parceria, o Macán de 95 pontos do James Suckling, e o fantástico Pintia, o grande tinto da região do Toro, com 95 pontos do Robert Parker, que é realmente espetacular… Da mesma Vega Sicilia provamos o  Valbuena 5º Año, um tinto muito elegante que é lançado cinco anos após a colheita estando assim pronto para ser bebido e o Alión Ribera del Duero – clássico colecionador de prêmios e altas notas da crítica especializada – e o Viña Pedrosa Gran Reserva, um dos maiores vinhos da Ribera del Duero, todos servidos pela simpática representante da marca.

E finalizamos os espanhóis com os vinhos da vinícola Castell Del Remei da Catalunha, apresentados por Xavier Cepero. Provamos o Costers del Segre Garnatxa, um vinho cheio de aromas de especiarias e florais e no sabor camadas frutadas de amoras e ameixas. E passamos para o Geol que, arrancou de Robert Parker o elogio: “trata-se de um dos melhores blends de Merlot espanhol que já provei!”. Concordamos.

De Portugal encontramos com Maria Castro, proprietária da Quinta da Pellada e Luis Patrão, o enólogo da Tapada de Coelheiros. Provamos vinhos portugueses que estão apostando muito na Syrah tanto em blends como em varietais com o Quinta da Lagoalva Reserva e o Lagoalva De Cima Grande Escolha. Também provamos da Soalheiro o raro Primeiras Vinhas, eleito o melhor vinho de Portugal no Decanter Wine Awards 2021. Também degustamos o Alvarinho, que está sempre nas listas dos melhores Alvarinhos de Portugal, e o Granit, com notas mais minerais.

Do Novo Mundo, vieram grandes celebridades do vinho, começando pelo argentino Alejandro Vigil, proprietário da El Enemigo e enólogo-chefe das Bodegas Catena Zapata, que acaba de ganhar o título de melhor vinícola do mundo no “World’s Best Vineyards”. Da El Enemigo provamos o Chardonnay, elaborado com uvas de Tupungato e Gualtallary, cultivadas a 1.500 metros, que representa os melhores brancos de Mendoza e da Argentina. A safra 2020 conquistou nada menos que 96 pontos de James Suckling. A versão Sémillon vai pelo mesmo caminho, já faturando 95 pontos do crítico.

Nem precisa dizer que o estande da Catena foi um dos mais concorridos do evento. De lá experimentamos o estupendo Malbec Nicasia, considerado por Robert Parker “suculento e exuberante”, concedendo-lhe 94 pontos. Também experimentamos o raro Angelica Zapata Cabernet Franc, um vinho estupendo que só vai para o mercado argentino (97 pontos). Na sequência provamos o Catena Zapata Malbec Ages, o ícone máximo do Malbec Argentino de 99 pontos… Coisas raras que só acontecem em eventos bacanas como esse.

Uma novidade foi a presença da vinícola Laura Catena, que trouxe ótimos rótulos, como o Luca Syrah, considerado o melhor Syrah da Argentina pela Wine Spectator. E o Nico by Luca, uma das melhores surpresas do evento. Com uma minúscula produção, de apenas 100 caixas, ele faturou 95 pontos de Robert Parker e 96 do James Suckling, sendo chamado de “soberbo”, capaz de competir com os melhores vinhos do mundo. E, para finalizar a produção familiar, o filho de Nicolás, Ernesto Catena, esteve presente com seu projeto próprio: a vinícola Tikal. Dele experimentamos o ótimo Siesta en el Tahuantinsuyu Malbec, 93 pontos no James Suckling, e tiramos uma divertida foto juntos.

Do Chile participaram nomes como a mega simpática Maria Paz e Matias Garcés, proprietários da Viña Garcés e Silva. Provamos deles dois ótimos Pinot Noir: o Boya (90 pontos de James Suckling) e o Amayna (indicado por Steven Spurrier, da Decanter, como o melhor vinho do Novo Mundo) e o Amayna Syrah (94 pontos de James Suckling). Excelentes vinhos a preços médios.

Destaque também para a presença de Andrea Leon, enóloga da Lapostolle, que nos apresentou o Cuvée Alexandre Carménère, de pequena produção e considerado um dos maiores vinhos do Chile. O show continuou com o Le Petit Clos, o segundo vinho do aclamado Clos Apalta – eleito o melhor vinho do mundo pela Wine Spectator, que recebeu 95 pontos do James Suckling. E finalizamos com o La Parcelle 8, a melhor expressão de um Cabernet Sauvignon dos vinhedos da Lapostolle, que arrancou 97 pontos de Suckling.

Também do Chile provamos da vinícola Los Vascos um dos maiores ícones do vinho chileno: o Le Dix, bem complexo e elegante. Outro da mesma vinícola foi o Cromas Syrah Gran Reserva. Com um forte frutado, ele é certamente um grande achado para os admiradores da uva Syrah. E provamos ainda o Sauvignon Blanc Orgânico e o Cromas Chardonay, ambos feitos de uvas cultivadas próximas ao Oceano Pacífico e que acabam de chegar à Mistral. 

Do Uruguai, batemos um papo com Daniel Pisano, que comanda a vinícola Pisano. E para não dizer que não havia nada do Brasil, Luís Henrique Zanini, proprietário e enólogo da Vallontano, representou com louvor nossa produção no excelente catálogo da Mistral.

Outros países também apresentaram rótulos interessantes. Destaque para o enólogo Gottfried Mocke, da sul-africana Boekenhoutskloof que trouxe alguns rótulos que fizemos questão de provar e atestar que existe vida por lá que não seja o Pinotage. O Boekenhoutskloof Cabernet Sauvignon Franschhoek é realmente excelente, tanto que surpreendeu Robert Parker que lhe concedeu 91 pontos e o considerou um dos vinhos mais finos da África do Sul. E, claro, provamos o Danie de Wet Pinotage elaborado com uvas de cultivo biológico, muito macio e sedoso.

Apara finalizar as degustações, da Alemanha provamos da Hans Wirsching, um dos maiores e mais conhecidos produtores de vinho de toda a região da Francônia, o seu Muller Thurgau, cítrico e delicado. Da Domdechant Werner o complexo, intenso e mineral Hochheimer Kirchenstück Riesling Trocken.

Fazendo um balanço, consideramos o evento um dos melhores de 2023 do mundo dos vinhos. Uma prova da excelência e do prestígio da Mistral no mercado nacional e internacional. Foi difícil, mas foram mais de 80 rótulos degustados e saímos com a certeza de que não perderemos a próxima edição. Parabéns!!!!!!

A lista completa das vinícolas participantes e mais informações no site www.mistral.com.br/encontro