Cervejaria Avós completa sete anos com festa, lançamento de cervejas e seu fundador concede uma entrevista exclusiva para o Portal
A Avós está em festa. A Cervejaria completou sete anos e fez uma festança para comemorar na sua sede, a Casa Avós, no bairro paulistano da Vila Ipojuca, para convidados, com direito a lançamento de cervejas e muita animação. Júnior Bottura, o fundador e proprietário da marca, estava exultante e reservou um tempo para conversar com exclusividade com o Portal Mesa de Bar.
Fundada em março de 2016, a Avós já lançou mais de uma centena de rótulos próprios e várias colaborativas com outras cervejarias, entre os destaques estão o primeiro rótulo da marca, a Vó Maria, além das collabs Good Night Granny e a maravilhosa Baltic Negroni. Nesses sete anos, já recebeu diversos prêmios e medalhas em concursos nacionais e internacionais
A Avós expandiu sua atuação em São Paulo e está presente no espaço Priceless da Mastercard, no rooftop do Shopping Light, além de ser a cerveja oficial do Novo Estádio do Pacaembu. Feitos comerciais e de estratégia de marca que poucas cervejarias atingiram. Mas nem tudo são flores. Recentemente, Júnior se envolveu em uma polêmica ao classificar cervejas comerciais “puro malte” em uma matéria na imprensa, o que lhe rendeu inúmeras mensagens de haters e até gente do meio cervejeiro propondo o seu cancelamento nas redes sociais.
Polêmicas à parte, no evento foi possível degustar os três chopes Fresh Lager lançados em comemoração à data (Cool IPA, APA e PILS) que estavam sensacionais. Logo depois, aproveitamos para bater um papo rápido com Ademir Bottura Júnior, publicitário, santista, fundador da Avós e figura carimbada no mercado da cerveja artesanal paulistana, que virou especialista na fabricação de cervejas no estilo Lager.
Primeiro gostaria que se apresentasse e contasse um pouco do projeto da Cervejaria Avós para os nossos leitores?
Eu sou Junior Bottura, fundador da Cerveja Avós, junto com a Mari que também é uma das fundadoras e hoje a gente está completando sete anos, uma marca dedicada a contar para pessoas histórias de cerveja, histórias das minhas avós e bisavós e disseminar a cultura cervejeira. Esse é o nosso propósito e a gente faz isso já há sete anos com muito afinco, indo, ocupando e tentando ocupar lugares onde a cerveja artesanal não chega. Meu foco hoje é muito esse. É ter operações em lugares e em mídias nos quais a cerveja artesanal não estava. Acredito muito nisso. Para o mercado crescer a gente precisa ocupar esses lugares, trazendo a nossa marca, mas também toda a cultura cervejeira junto. Nesses sete anos e eu tenho feito bastante isso. É preciso ser paciente. A gente faz só Lager. E 99% do nosso portfólio é de cervejas fáceis de beber pensadas para as pessoas que nunca beberam cerveja artesanal experimentarem, entenderem o que estão bebendo e não terem aquele estigma de ser amargo, de ser forte, de cervejas muito complicadas de beber.
Nessa trajetória o que você destacaria?
A gente lançou a marca dia 23 de março de 2016, com duas cervejas e em julho veio a terceira como ciganos, ou seja, a gente produzia de modo terceirizado. Daí abrimos a Casa Avós em dezembro do mesmo ano. De lá para cá acho que conseguimos criar uma marca que ficou muito marcada pelo nosso posicionamento de só fazer Lager. A gente só lançou oficialmente para o mercado uma Ale e ela ganhou medalha de ouro no World Beer Awards, mas foi aposentada. Isso trouxe muito holofote para a gente. O desafio de fazer só Lager é tentar ser criativo o tempo inteiro. Então, hoje, temos muita variedade nas torneiras da Casa Avós, desde uma Sour a vários tipos de Pilsen, mas também tem Juice, tem cerveja envelhecida em barrica… Existe um mundo muito vasto que podemos explorar dentro das Larger. Nós também fomos convidados para entrar em grandes varejistas. Já faz quatro anos que a marca está nas gôndolas das redes dos principais supermercados de São Paulo: Mambo, St. Marche e Pão de Açúcar. Temos muito orgulho disso. Fazemos produtos específicos para gôndolas que são pasteurizados para eles poderem ficar lá sem refrigeração. A gente explica para as pessoas a diferença de uma cerveja pasteurizada para uma fresca. Outro ponto que destaco é que tento ter um relacionamento muito bacana com todas as cervejarias. Já fundei e hoje faço parte de algumas associações sempre no intuito de tentar juntar as pessoas e trabalhar a informação para o setor. Isso é muito importante. Acho que o mercado só vai crescer quando a gente conseguir disseminar a cultura através de informação.
Você acha que falta união para o mercado cervejeiro? Inclusive, recentemente, você participou de uma matéria envolvendo cervejas de grande porte e acabou sendo questionado por muitas pessoas, perguntando se você estava com um contrato com uma grande cervejaria. Isso te incomoda?
Quem me conhece sabe da minha história. Eu jamais faria qualquer coisa por dinheiro. Eu estou há sete anos falando a verdade com parcerias verdadeiras. Eu não me importo de fazer parcerias com grandes cervejarias, desde que sejam bacanas. Que sejam beneficentes ao mercado e à nossa marca, então, não tem problema com isso?!
Essa polêmica que aconteceu de certa forma fez a gente ocupar lugares que as artesanais não estão. Se um veículo de massa me chama para fazer qualquer coisa eu vou fazer. Eu fiz com a maior transparência possível. Não ganhei um centavo! A gente não vai conseguir agradar a todos. Sempre vai ter polêmica.
Tenho muito respeito pelas cervejarias do mercado como um todo. Sempre vai ter um ou outro que vai tacar pedra, mas paciência! Eu vou continuar seguindo no que acredito. Sabe o que? É ter parcerias legais, fazer coisas legais com quem eu acredito. Eu acho que uma coisa que as pessoas não entendem é que o mercado cervejeiro é muito baseado em pessoas. Se tem um cervejeiro que antes trabalhava numa cervejaria pequena e depois ele foi para uma grande e me chamar para fazer uma cerveja colaborativa porque não? O cara é meu amigo, não tem por que eu negar. Então a gente faz.
Já fizemos parcerias tanto com a Heineken quanto com a Ambev. E se outras marcas grandes me chamarem para fazer parcerias, se elas forem benéficas, eu vou continuar fazendo. Muitos acharam que eu me afetei, mas não. Na verdade, acho que as pessoas precisam celebrar a união e tudo de bom que acontece no mercado cervejeiro. Somos tão pequenos que se a gente quiser ganhar 0,1 e 0,2% de share precisamos ocupar lugares que a cerveja não está. E vai ser isso que vai fazer a gente crescer. E eu celebro muito quando eu vejo qualquer pessoa do mercado cervejeiro ocupando um lugar que a cerveja artesanal não chegou. Naquele texto que foi polêmico eu desabafei: celebrem as coisas! Acho que é importante para o mercado e vou continuar sendo fiel ao que eu acredito. Ontem, por exemplo, foi um dia muito marcante porque eu e o Bleed, do Doutor Breja, fomos chamados para ir em um dos programas do Flow e foi muito legal. Há exatos sete anos, ele estava começando um canal e eu a marca. A gente se conheceu naquele dia para um bate-papo sobre união do setor para o programa. Caramba! Sete anos depois, a gente saiu do quartinho, que era um quarto na casa da mãe dele, e hoje está no maior estúdio de podcast do Brasil, pô falando a mesma coisa que a gente falava há sete anos. Isso prova o quanto eu venho tentando falar sobre isso e vou continuar fazendo, independentemente. Tem pedra que machuca, tem pedra que não tem como você não ficar machucado, né? Principalmente quando vem de amigos. Você vê teu amigo falando mal de você num grupo e isso vai disseminando. Mas tudo passa e a vida segue.
Fale um pouco dos seus rótulos de sucesso nesses sete anos. Você tem a série “Véia Viaja”, na qual você fez muitas collabs, até internacionais. Tem a Baltic Negroni, uma edição limitada que esgotou em poucos minutos…
A linha Véia Viaja é o resultado de viagens internacionais que a gente fez. Tentamos pegar referências e as replicar de alguma forma. E a Baltic Negroni é uma cerveja que, até hoje, eu não acredito no sucesso que ela fez. Eu a fiz para minha esposa. Eu nem gosto muito de destilados e negroni, só tomo cerveja. Não tenho costume de beber vinho, nem drinks. Mas fiz porque ela ama Negroni. Ela fez muito sucesso e muita gente pergunta o porquê a gente não escala. Eu tenho certa resistência em escalar porque acho que quando se escala se perde um pouco da consistência. Essa é uma cerveja que eu tenho muito cuidado, muito carinho. Então, a gente continua fazendo poucas garrafas para manter ela igual. Posso até aumentar a produção um pouco mais, mas de uma forma que eu consiga controlar o resultado final.
A última série que você fez para a Copa do Mundo, o projeto “Avós do Mundo” também foi um case de sucesso?
Ah… foi muito legal! É uma série que, na verdade, não é sobre a Copa do Mundo. Eu peguei oito países (Itália, Espanha, França, Argentina, Alemanha, Inglaterra, Brasil e Uruguai) e fiz as cervejas Abuela, Nonna, Omi, Vó, Nana, Abu, Mamie e Yaya. Uma referência às avós desses países com algum ingrediente de cada um deles e foi super legal. É que elas foram lançadas na época da Copa do Mundo. Coisas que acontecem sem a gente planejar, mas que por uma coincidência do destino, elas fazem sucesso. Eu só tenho a agradecer.