A Wine São Paulo Trade Fair e Cachaça Trade Fair movimentaram o mercado de bebidas gerando negócios e troca de conhecimento
As feiras Wine São Paulo Trade Fair e Cachaça Trade Fair encerraram sua 9ª edição superando expectativas e consolidando sua relevância como plataformas de negócios, experiências e conhecimento nos setores de vinhos, cachaças e destilados do Brasil. Realizadas simultaneamente entre os dias 20 e 22 de maio no Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte, em São Paulo, o evento reuniu mais de seis mil visitantes compradores qualificados, com participação de 120 expositores nacionais e internacionais, representando mais de 300 marcas.
O evento também promoveu o Concurso TOP TEN dos Melhores Vinhos e Destilados, realizado após degustação às cegas de amostras dos participantes avaliadas por uma banca de 20 jurados especializados, entre eles Jairo Martins – autoridade em cachaça, além de jornalistas, sommeliers e enólogos. A curadoria foi liderada por Eduardo Viotti, do Brasil Selection. As categorias premiadas incluíram vinhos, espumantes e destilados, com destaque para o elevado padrão técnico e diversidade sensorial dos rótulos apresentados.




“A cada edição, o concurso revela a maturidade técnica e a criatividade dos produtores nacionais e internacionais. O TOP TEN consagra o compromisso com a qualidade que observamos nesta edição histórica das feiras”
Eduardo Viotti, do Brasil Selection
Negócios, políticas e turismo
A programação técnica e institucional dos eventos incluiu rodadas de negócios, master classes, congressos e ativações como o Summit “Por Dentro do MAPA”, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, voltado a orientar produtores, importadores e exportadores sobre regulamentações e oportunidades de mercado. A presença de autoridades e o apoio de entidades como APTA, CATI, FAESP/SENAR, Codeagro, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo e MAPA reforçaram a integração entre os setores produtivo, público e comercial.
“Além do volume expressivo de negócios, a edição 2025 das feiras destacou a valorização do enoturismo e do turismo de experiência como vetores de desenvolvimento regional. Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco vêm liderando esse movimento, associando produção agrícola qualificada à hospitalidade e à preservação do território”
Zoraida Lobato, idealizadora das feiras
Degustação
O Portal Mesa de Bar esteve no evento e pode degustar novidades em vinhos e em cachaças. A feira oferece boas surpresas e contato direto com produtores e importadores. Começamos no tour pelos vinhos. Visitamos o estande da Rio Sol,vinícola do Vale do São Francisco, na cidade de Lagoa Grande (PE). A empresa pertence a Global Wines, da região do Dão, em Portugal, que implantou um padrão de qualidade na produção dos vinhos e espumantes da Rio Sol. Provamos, inclusive, vinhos de uvas pouco tradicionais no Brasil, como alicante bouschet e touriga nacional. Boa surpresa. Passamos para o estande da Fin, para degustarmos o Histórica 2020 Acellotta Gran Reserva, um dos TOP 10 da feira com louvor. Excelente!




Passamos para o Expreso Bodeguero Reserva Cabernet Franc, de Mendoza, frutado e macio que agradou em cheio. Brindamos com outro TOP 10: o espumante Kim Crawford Sauvignon Blanc, da famosa região neozelandesa de Marlborough dessa uva, que tem um sabor de abacaxi e pêssego com notas herbáceas. Uma outra ótima surpresa da feira. Para continuar nessa linha de vinhos diferentes, provamos o Askaneli Rkatsiteli Qvevri, um vinho da Geórgia, que matura por cinco meses em tradicionais ânforas de argila (retratada no rótulo) que dão a ele um perfil único, fresco, seco, com um final de laranja.
Mudamos para a Austrália, para conhecer da famosa região de Margaret River o Morus Cabernet Sauvignon da Domaine Naturaliste. Um vinho intenso, seco, com sabor de amoras, groselha, baunilha e um amadeirado no final. Muito bom. Passamos para o Indomita Gran Reserva Pinot Noir, do Vale de Casablanca no Chile. Pinot noir chileno? Pois estava bem equilibrado, leve, com sensorial de frutas vermelhas, café e baunilha. Da mesma Indomita, mas do Vale do Maipo, provamos o Quintus Organico Gran Reserva Cabernet Sauvignon, um vinho com frutas vermelhas intensas, com toques de especiarias e amadeirado. Aqui vale ressaltar que ele é um vinho orgânico, ou seja, além de técnicas ecologicamente corretas não foram utilizados produtos químicos na sua produção. Além disso, é certificado como vinho vegano.




Fomos para a vinícola italiana Castello di Starda, da Emilia-Romanha, para provar três de seus vinhos. O Bobium Cabernet Sauvignon é intenso, com muita fruta vermelha e um amadeirado no final. O Otbertus é um pinot noir leve, delicado, com sabor de cereja e um toque de especiarias. E o Sant’Ambrogio é um blend de 70% merlot e 30% cabernet sauvignon, com 18 meses de estágio em barricas de carvalho eslavo e seis meses em barrica de carvalho francês. Um vinho com sabor de cereja e amoras e um amadeirado presente, bem elegante.
Guinada para o Brasil, mais especificamente para Ouro Preto (MG), onde da Quinta de Glaura experimentamos o Gemas de Ouro Preto Syrah, um vinho tinto com sensorial de amora, ameixa e mirtilo e notas de especiarias, cacau e um toque mineral. Passamos para o Cabernet Franc Gran Reserva da Casa Geraldo, de Andradas (MG), na Serra da Mantiqueira, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e mais um ano em garrafa. Um vinho complexo, aromático, com sensorial de framboesa e groselha e toques florais, de tostado, chocolate e especiarias. Elegante, macio, longo e saboroso.




Da Casa Geraldo também provamos mais dois. O Mantis Cabernet Sauvignon tem um sensorial de frutas secas, como uvas passas e ameixa, e notas de especiarias, tabaco, chocolate e defumado. Um vinho intenso e aveludado. E finalizamos com um Cais Tawny 14 anos, que segue as mesmas normas portuguesas do vinho do porto, utilizando um blend de uvas cabernet sauvignon, merlot e touriga nacional. Um vinho licoroso com notas de baunilha, chocolate e tâmara, bem macio e aveludado.
Voltamos para a Argentina, para provar o Carmine Granata Malbec, um representante clássico argentino dessa uva, com seis meses de maturação em barricas de carvalho francês. Um vinho frutado, encorpado e bem elegante. Mais sofisticado ainda é o La Dolfina Blend Polo, feito de 45% malbec, 40% petit verdot e 15% cabernet sauvignon, com 24 meses de estágio em barricas de carvalho francês de primeiro uso. Um vinho complexo, intenso, bem frutado e amadeirado. E passamos para o La Medica Bouzon Cabernet Sauvignon Reserva, um vinho dos melhores terroirs de Mendoza, sem passagem por madeira, maturado naturalmente, que entrega muito frutado, com toques de especiarias. Bem encorpado com um final macio e longo. Finalizamos nosso tour pelos vinhos com o chileno Männle Huape Gran Reserva Syrah, do Vale de Itata, um belo vinho, intenso e seco, que mostra que os chilenos estão variando bastante, cultivando uvas diferentes em regiões tradicionais por pequenos produtores que miram na qualidade e não na quantidade.





As cachaças
A feira é muito significativa para o segmento das cachaças mostrar seu potencial para o mercado. De acordo com o Anuário da Cachaça, recém lançado pelo IBRAC, entidade representativa do setor, houve um crescimento de 4% no número de destilarias de cachaça registradas, atingindo a marca de 1.266 com 49 estabelecimentos a mais em relação a 2023. Esse é o terceiro ano consecutivo que há crescimento.
Segundo o MAPA, o volume de produção de cachaça no Brasil declarado em 2024 atingiu 292,5 milhões de litros, representando um aumento de quase 30% em relação ao declarado em 2023. Isto em números oficiais. Acredita-se que a produção é muito maior, uma vez que há centenas de produtores informais da bebida. Uma realidade que o setor busca regularizar para que a cachaça passe a ter o padrão de qualidade e excelência que merece.




Na feira, pudemos constatar entre os expositores o aumento significativo de rótulos premium, de cachaças de alambique (denominação que indica uma cachaça feita em alambique de cobre com uma fermentação natural exclusivamente da cana-de-açúcar), com envelhecimento em diferentes tipos de madeira, que realmente estavam em um nível excepcional.
Começamos nosso tour pela Cachaça Estação da Cana Carvalho Americano, de Monte Belo (MG), envelhecida por dois anos em barris de carvalho americano ex-Bourbon (primeiro uso para cachaça) e finalizada em barris novos por seis meses. Um sensorial incrível de baunilha e coco e um adocicado lembrando o mel silvestre. Excelente! Da mesma destilaria provamos a versão envelhecida por dois anos em Carvalho e Grápia. O carvalho trouxe para ela não só baunilha e coco, mas também um chocolate, caramelo e especiarias e um leve dulçor. Já a Grápia imprimiu toques de mel e um frescor herbal. O resultado é uma cachaça macia, equilibrada, suave, adocicada e amadeirada, muito agradável.
Da renomada Lígia Maria provamos suas campeãs de vendas: a Ametista e a Topázio. Cachaças ultra premiadas que dispensam apresentação. Melhor ainda foi provar uma bebida secreta, que não podemos revelar, que em breve estará no mercado. Aguardem!!!




Seguimos para a Toca da Coruja, de Capão Bonito (SP), onde experimentamos duas ótimas cachaças extra premium: a Carvalho e a Carvalho e Amburana. A primeira foi envelhecida por três anos em barris de carvalho americano. Tem um frutado bem agradável com uma presença marcante do amadeirado. Macia, seca e com uma leve picância adocicada. A Carvalho e Amburana faz um mix de envelhecimento de seis anos da cachaça em madeira americana e da brasileira criando uma bebida que desperta sensações.
Da Cachaça Porto da Canoa, de Natividade da Serra (SP), provamos sua Extra Premium envelhecida por cinco anos em barris de amburana. Uma bela representante desse estilo de cachaça nessa madeira. Também provamos a Altarugio Ouro, de Ipeúna (SP), uma cachaça envelhecida em tonéis de carvalho, e a Divina Cana Jupiter, produzida em Três Pontas (MG), envelhecida por quatro anos em carvalho americano e carvalho europeu que deu a ela um sensorial de baunilha, castanha e um dulçor ao final.
Na Wiba!, de Torres de Pedra (SP), paramos para conhecer seus dois lançamentos premium. A primeira é a Cachaça Extra-Premium Double Soul, com seis anos de envelhecimento em carvalho americano e um toque final em barris ex-bourbon de uma renomada marca de whiskey. E a Wiba! Dona, lançada para comemorar os 10 anos da empresa envelhecida por dez anos em carvalho francês e limitada a 450 garrafas. Ela tem notas frutadas de cereja e ameixa e um toque seco e picante do carvalho. A garrafa em quina é bem interessante e o papo com o Wilson Barros, o criador da marca, foi mais ainda.






Do Alambique Pioneira, em Socorro (SP), experimentamos a Cachaça Dom João um produto premium que homenageia “Seu João”, o patriarca da família, envelhecida por seis anos em barricas de carvalho americano. Uma cachaça premiada, de sabor e presença marcantes de madeira e baunilha. Experimentamos outro “Don”, a Cachaça Don Fernandes, de Itupeva (SP), envelhecida por 12 meses em barris de carvalho, com notas de cacau e baunilha, amadeirada e levemente adocicada. Eles oferecem a cachaça tanto em garrafa sofisticada quanto em uma garrafa simples. Assim eles conseguem atingir tanto o consumidor final quanto o setor de bares e restaurantes. Boa sacada.
Finalizamos nosso tour pelas cachaças da feira com a Sapucaia, produzida pela tradicional destilaria homônima em Pirassununga (SP). Essa Armazenada em Barris de Amburana é um lançamento, após o sucesso da versão armazenada em barris de amendoim. Vai pelo mesmo caminho, pois é uma cachaça muito bem produzida, com as características sensoriais dessa incrível madeira brasileira.
Esperamos ter trazido uma boa seleção das bebidas expostas na feira. Parabéns para os organizadores, expositores e pessoal envolvido no sucesso do evento. Mais informações nos sites: www.winetradefair.com.br e www.cachacatradefair.com.br e nos Instagram: @winetradefairsp e @cachacatradefair
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