A Prowine São Paulo confirma sua vocação em ser a maior feira de vinhos da América Latina

Em sua terceira edição, a ProWine São Paulo, a maior feira de vinhos da América Latina, agitou o mercado nacional entre os dias 03 e 05 de outubro, no Expocenter Norte. Este ano a feira contou com um espaço 32% maior, ocupando a capacidade total do Pavilhão Azul, que abrange 15.000 m². Foram perto de 400 expositores que trouxeram mais de 900 marcas de vinhos e alguns destilados de mais de 15 países.

O Portal Mesa de Bar esteve presente ao evento e pode constatar que o bom momento do segmento perdura. O sentimento entre os expositores, do simples estande até o dos grandes players, era de otimismo, com muitas negociações e lançamentos de produtos. A quantidade enorme de rótulos oferecidos também demonstra o interesse pelo mercado brasileiro por parte dos produtores estrangeiros e também dos brasileiros, que incrementaram sua produção e elevaram o nível dos rótulos oferecidos.  

Durante três dias, a feira foi o paraíso para 8.000 visitantes do segmento B2B que reuniu produtores, importadores, distribuidores, sommeliers, varejistas, atacadistas, supermercados, bares, restaurantes, hotéis, especialistas, consultores, mídia especializada e até amantes do vinho de todos os cantos do Brasil e do mundo, ansiosos para saber das novidades, fazer networking, degustar produtos e fechar negócios.

Estreantes

Alguns produtores debutaram na feira e por isso mesmo atraíram a atenção dos participantes. Foi o caso da Bodega Dante Robino, a vinícola argentina de Mendoza do portfólio… da Ambev! Mais um motivo para conferir a entrada de uma multinacional de cerveja no segmento de vinhos. A centenária bodega foi adquirida em 2020 e tem um lema diferente: “Amar a Marte”.

“Os nomes dos vinhos e nossos rótulos traduzem o nosso amor pela bebida, que não tem limites e transborda até Marte. Somos apaixonados pelo que fazemos e enaltecemos a uva, os vinhos e todo o processo de criação do vinho, assim como as órbitas representam os ciclos naturais com início, meio e fim. E agora queremos dividir com os brasileiros essa paixão”
Nicolas Bruno, diretor da Dante Robino no Brasil

“Estamos em uma jornada de aprendizado nesse universo apaixonante, novo para nós, e satisfeitos com o desenvolvimento do nosso portfólio no mercado. Participar da maior feira de vinhos da América Latina foi uma honra e uma forma de reforçarmos nosso objetivo de inovar a partir da escuta ativa de nossos consumidores”
Marcelo Tucci, diretor de Marketing Beyond Beer, unidade de negócios da Ambev

Provamos representantes das três linhas da Dante Dante Robino. Destaque para os vinhos da linha intermediária por sua boa relação custo/benefício. Aliás, os vinhos estão até disponíveis na plataforma online Zé Delivery mantida pela Ambev, o que deve facilitar a penetração dos rótulos no mercado.

Outro gigante do segmento presente foi a multinacional espanhola Henkell Freixenet, líder mundial de espumantes, especializada em Cavas e no Prosecco Mionetto. Entre os lançamentos exibidos na feira estava uma linha de vinhos sem álcool, com rótulos tinto, branco e rosé, de olho no crescimento desse nicho de mercado. O rosé mostrou ser a opção que mais agradou. Outro lançamento foi o Mionetto Luxury Rive Di Santo Stefano, um Prosecco millesimato brut extremamente leve e borbulhante.

“A Prowine é a porta de entrada para falarmos direto com os grandes players do mercado B2B de vinhos e espumantes, e, consequentemente, construirmos relacionamento e gerarmos negócios. Apostamos forte nessa linha zero álcool, que tem surpreendido pela alta demanda, e nesse elegante espumante, que tem a cara do réveillon”
Fabiano Ruiz, diretor-executivo da Henkell Freixenet

Por falar em gigantes, o Grupo Wine, líder no ranking de importação de vinhos no Brasil, esteve presente no evento com as marcas que compõem o segmento B2B da empresa: Cantu e Bodegas. Juntas, as marcas apresentaram 540 rótulos de 34 vinícolas produtoras.

Vinhos importados exclusivamente pela Cantu e que foram lançados recentemente no portfólio da marca estiveram disponíveis para degustação, como Callia, Mosketto, Crios Sustentia, Bons Ventos Superior, A. Bichot, Calamares e Cabeça de Toiro. Além de rótulos exclusivos, como Ventisquero Grey, Torres Purgatori, Ramón Bilbao Reserva, Herdade de São Miguel, Susana Balbo Signature, Ménage à Trois, Yellow Tail, Leonardo da Vinci Brunello di Montalcino entre outros.

“Nossa estratégia foi receber os representantes dos principais varejistas e atacadistas, como supermercados, bares, restaurantes e hotéis em busca de novidades e oportunidades de negócios. Oferecemos condições especiais de preço e prazo para as redes se abastecerem para as festas de fim de ano”
German Garfinkel, Diretor de B2B e Supply do Grupo Wine

Provamos o Don Pascual Varietal e o Don Pascual Coastal, ótimos Tannat Uruguaios. Os californianos do Napa Valley, Joel Gott Cabernet Sauvignon 815 e o Ménage à Trois Bourbon Barrels, este envelhecido por três meses em barricas de carvalho antes usadas por Bourbon. E finalizamos com os lançamentos da Undurraga. O espumante Rosé agradou mais do que a versão Demi Sec.

Seleção por países

Uma das vantagens de se frequentar uma feira de vinhos é a possibilidade de explorar e conhecer novos rótulos de países tradicionais e de surpresas desconhecidas. Vamos dar uma rodada?

Os portugueses sempre investiram na Prowine com um estande onde eles mostram o melhor do país e depois na sequência ficam os produtores em estandes menores. Provamos ótimos rótulos, como o Beyra Grande Reserva, com predominância da uva Tinta Roriz (92 pts Robert Parker) e o Churchill’s Grafite Grande Reserva, varietal de Touriga Nacional. Os vinhos do Porto Tawny Taylor’s 10, o Taylor’s 20 anos e o Quinta do Crasto LBV (Late Bottled Vintages), varietal de Touriga Nacional… estupendos!

Também valeu degustar da Esporão o Reserva Branco, vinho orgânico do Alentejo, e o Private Selection Branco, um ótimo varietal de Semillon. Para finalizar, fomos extremamente bem recebidos no estande da Casal da Coelheira, onde provamos os ótimos vinhos: o Mythos e o Carpe Vitae, que é um ótimo blend de Syrah e Touriga Nacional. Que vinhos!

Argentinos

A Wines of Argentina marcou presença na Prowine como o segundo país com maior representação de vinhos no evento. Seu estande reuniu 40 bodegas, de 23 diferentes províncias, com 18 produtores apresentando uma notável diversidade de sabores e perfis. O país tem se dedicado cada vez mais à produção de rótulos orgânicos e biodinâmicos e 70% das marcas trazidas à feira este ano eram de pequenos produtores.

Começamos degustando os tradicionais Malbec e fomos brindados com os ótimos Terroir Expressions Hostage Altamira e o 1853 Selected Parcel, medalha de prata na Wine and Spirits of America e 90 pts nos rankings de Tim Atkin e de James Suckling. Daí partimos para os blends. Destaque para o Cara Sucia Cepas Tradicionales, da Durigutti Family Winemakers de Rivadavia, Mendoza. Um blend de Bonarda, Syrah, Sangiovese, Cardinale e Bequignol feito nessa vinícola dos irmãos Hector e Pablo que mostrou a força da nova geração de enólogos na viticultura da Argentina.

Italianos

A Itália seguiu os passos de Portugal e estreou com um estande de participação coletiva reunindo onze produtores pela ITA – Italian Trade Agency, agência do Governo Italiano que promove o Made in Italy no Exterior. O objetivo é aumentar a presença italiana no mercado brasileiro, tanto de rótulos já comercializados bem como de novos produtores, de um universo que conta com mais de 255 mil empresas presentes em todas as 20 regiões do país europeu, com especial destaque para a Puglia, que reúne o maior número (36 mil), seguida pela Sicília (30 mil) e pelo Vêneto (27 mil).

As vinícolas presentes foram: Antica Cantina Leonardi (Lazio), Bartali (Toscana), Cantina Sociale Colli Fiorentini (Toscana), Cantine Il IV Miglio (Campania), Cantine La Marca (Campania), Crea Vini (Abruzzo), Fattoria Pagano (Campania), Gruppo I Vinai (vinhos de toda a Itália), Scuderia Italia (Piemonte/Vêneto/Toscana), Silvio Carta (Sardenha) e Tenuta Patruno Peroniola (Puglia).

Bartali, Fattoria Pagano, Silvio Carta e Tenuta Patruno Peroniola participaram da feira com o objetivo de encontrar parceiros para a introdução de seus produtos no mercado brasileiro. Da Fattoria Pagano provamos o ótimo Seduzione, um Falerno de Massico Primitivo DOP de uvas provenientes de vinhas com cerca de 70 anos, de Caserta, da região da Campania na Itália. Provavelmente saíram da feira com algum negócio fechado.

Chilenos

O Chile é um dos maiores fornecedores de vinhos para o Brasil. Escolhemos visitar o estande da Concha y Toro, reconhecida como a maior vinícola da América Latina e a terceira maior do mundo, para conferir os lançamentos da temporada das renomadas marcas Trivento, Diablo e Casillero del Diablo.

No estande também foi possível participar de uma experiência divertida de som e imagens e conhecer os vinhos do exclusivo portfólio “Cellar Collection” – vinhos finos e raros, provenientes dos mais incríveis terroirs do Novo Mundo, como o recém-lançado Marques de Casa Concha Heritage, da D.O. Puente Alto.

Provamos em primeira-mão os vinhos em pré-lançamento exclusivo na ProWine da linha Devil’s Carnaval da Casillero del Diablo. Vinhos com uma cor mais intensa, porém mais leves e até um mais adocicado, focados em agradar um público mais jovem. E da Trivento degustamos o ótimo Golden Reserve que, apesar de não ser um vinho chileno, pertence a uma vinícola do grupo que é símbolo de vinhos de alta qualidade da Argentina.

“O evento desse ano foi mais do que uma exposição de nossas marcas, foi acima de tudo um testemunho da resiliência da indústria vinícola chilena diante dos desafios pós-pandemia e que redefiniram o cenário do mercado de vinhos no país”
Mauricio Cordero, CEO da Viña Concha y Toro Brasil 

E em outro estande provamos da vinícola chilena Miguel Torres o Cabernet Sauvignon Parcelas de Manso de Velasco, com 18 meses de barrica e o espumante Estelado Extra-Brut Rosé, 90 pontos do James Suckling, feito da uva país que ficamos sabendo que foi uma das primeiras a chegar no Chile e é ainda cultivada por pequenos produtores. Ponto para a Prowine.

Peruanos

Pois é… A Prowine propicia que a gente deguste vinhos pouco comuns nas cartas e adegas do Brasil. Nessa linha, tivemos o prazer de degustar dois vinhos peruanos da vinícola Intipalka, um Sauvignon Blanc e um blend Reserva de Cabernet Sauvignon e Petit Verdot que passou seis meses em barricas de carvalho francês e americano. Intipalka quer dizer Vale do Sol. A vinícola está localizada no Vale do Ica, a 300 km ao sul de Lima. Ela é um ousado e moderno projeto e hoje figura entre as maiores e mais importantes vinícolas do país andino.

Brasil

Tava faltando o Brasil? Quando se visita uma feira gigante como a Prowine, a gente naturalmente procura pelos rótulos estrangeiros e se esquece de visitar os estandes dos produtores brasileiros. Mas a gente não caiu nessa.

Visitamos até o estande da Águas Prata, que fornecia água gratuitamente para os visitantes, outro golaço da Prowine e da empresa. Lá provamos as águas tônicas saborizadas, club sodas e afins que fazem a alegria dos mixologistas e bartenders.

Mas voltando ao universo dos vinhos nacionais, provamos dois ótimos vinhos da vinícola Amitié, da Serra Gaúcha: um Viognier e outro Chardonay, ambos com passagem em barrica de carvalho francês. Da vinícola RAR, da região dos Campos de Cima da Serra, provamos o Riserva Di Famiglia Cabernet Sauvignon & Merlot, envelhecido em barricas de carvalho por 12 meses.

Da Serra Gaúcha, degustamos da renomada Vinícola Pizzato o excelente Allumé Cabernet Franc e o Savoir, um blend de Merlot & Marselan, produzido pela Vinícola Monte Sant’Ana da Serra, maturado em barricas de carvalho durante 2 meses.

E finalizamos no estande da Miolo com um ótimo papo com Adriano Miolo que nos apresentou o seu lançamento: o vinho Miolo Wild Trebbiano, produzido a partir de uvas Trebbiano cultivadas em vinhas antigas, de 1978, da região da Campanha, no Rio Grande do Sul com utilização de leveduras selvagens e sem adição de sulfitos, sendo 100% vegano. Um vinho amarelo claro esverdeado, com aroma floral com um sabor de frutas amarelas e um toque mineral. Vinho bem refrescante e agradável que fechou com chave-de-ouro nossa incursão pela feira.

É claro que não foi possível degustar todos os rótulos e visitar todos os estandes, mas esperamos ter dado um panorama do que foi a Prowine São Paulo 2023. Mal podemos esperar pela edição do ano que vem. Mais informações no site: https://prowinesaopaulo.com/