A 8ª Wine e Cachaça Trade Fair surpreendeu pelas ótimas novidades e se consolida cada vez mais como um evento imperdível para o setor de bebidas

A oitava edição da Wine e Cachaça Trade Fair, que aconteceu em São Paulo, de 25 a 27 de março, surpreendeu positivamente. A feira trouxe novidades e se consolida cada vez mais como um ponto de encontro 100% B2B dos diversos atores do segmento e uma ótima opção para descobertas muito interessantes. E não só de vinhos e cachaças, uma vez que os expositores trouxeram um portfólio variado de bebidas nacionais e importadas.

Foi isso que o Portal Mesa de Bar pode observar ao circular pelo Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte. A feira tinha um pouco de tudo da cadeia produtiva de vinhos e destilados da América Latina. Além disso, aconteceram mesas redondas, palestras e master classes nos espaços destinados às experiências para que o visitante e o expositor pudessem discutir caminhos, ideias e fechar negócios.

Vinhos

Entre os vinhos, havia expositores com rótulos de diferentes regiões, tipos e estilos. Não dá para falar de todos, mas separamos alguns destaques.

Para começar, graças a assessoria de Luca Mesiano, representante da Real Wines para São Paulo, descobrimos joias da produção italiana no estande da City Vinhos. Degustamos da região da Campania o Falanghina Campi Flegrei DOP, da vinícola IV Miglio, um vinho branco seco, aromático e mineral produzido nos Campi Flegrei nas encostas do Vesúvio desde os tempos dos antigos romanos. Espetacular! E também o Piedirosso da mesma região e vinícola, fruto de videiras originais seculares, uma mistura de história, tradição, originalidade e o prazer de degustar um belo tinto italiano… Tanto que a uva Piedirosso era a preferida de Plínio, o velho, famoso escritor, historiador e oficial romano.  

Da mesma região, degustamos o Macchia Rosso Aglianico Riserva IGP, também da vinícola IV Miglio, feito de uma seleção de uvas aglianico de colheita tardia. Maturou por seis meses em aço, quinze meses em carvalho francês e mais oito engarrafado. Um vinho tão especial que permite guarda longa. Fechamos a região da Campania com o Helleno IGP Terre del Principato, da vinícola La Marca, feito também de uvas aglianico amadurecidas em colheita levemente tardia e descanso em barris de madeira que já guardaram um vinho Taurasi. Que vinhos excepcionais! Os romanos sabiam das coisas…

No estande da Sibiliana, passamos para a Sicília e começamos com o Pinot Grigio Punta in Alto IGP, da Cantina Europa, um vinho branco, seco, refrescante e de boa acidez da região de Marsala, terra de milenar tradição vinícola com um peculiar clima Mediterrâneo. Em seguida provamos o excelente Roceno Grillo DOC, da mesma cantina, que tem fama de ter as melhores uvas grillo da ilha. Um vinho elegante, fresco, com envelhecimento em aço por 18 meses que já foi premiado em diversas competições internacionais. Da mesma linha Roceno, há uma versão Rosé, feita da vinificação em branco de uvas tintas nerello mascalese, outra das autóctones da Sicília, e uma feita com a uva tinta Frappato, também típica da região. Todos excelentes vinhos!

Para fechar com chave de ouro nosso giro pela Itália provamos o excepcional Amarti Montepulciano D’Abruzzo DOP, da Crea Vini. Um vinho tinto seco, produzido com uvas montepulciano, típicas da região, tanto que ele é considerado o rei dos vinhos de Abruzzo. Mama mia!

Saímos da Itália e chegamos ao Chile provando o Santa Vita Carmenere Gran Reserva, um vinho tinto seco e bem refinado, graças a um envelhecimento de 18 meses, sendo 12 em barricas de carvalho francês. Um belo representante dessa uva ícone do país andino. Provamos também o Nancul Elegant Reserve Shyraz, da Hugo Casanova, vinícola do Vale Curico. Um vinho excelente, intenso, forte e incrivelmente aveludado.

Encontramos bons representantes do Uruguai, que está produzindo ótimos vinhos. Degustamos os rótulos da Mataojo: um Albariño, um Cabernet Sauvignon e finalizamos com um Tannat, a uva clássica (e ótima!) do Uruguai.

Provamos bons vinhos portugueses, mas nada se comparou ao Paxis Medium Dry, um blend que parece lista de enólogo: tinta roriz, alicante bouschet, cabernet sauvignon, caladoc, castelão, pinot noir e touriga nacional. Um excelente e surpreendente vinho da região de Lisboa, muito frutado, bem saboroso. Um achado.

Da Argentina provamos o Casir dos Santos Reserve Malbec, um vinho tradicional e excepcional, equilibrado, do Valle del Uco, em Mendoza, 92 pontos do ranking do Tim Atkins. Também do mesmo Vale provamos o Finca Suarez Blanco de Parcela, um 100% Chardonnay excelente, da região de Paraje Altamira, que usa leveduras indígenas e matura 12 meses em barris de carvalho francês. Degustamos também o A Contramano, um 100% Malbec da Jorge Rubio, um vinho bem interessante, clássico dessa uva intensa e bom representante da região. E da mesma vinícola encerramos como o excepcional Privado Reserva Bonarda, a segunda uva tinta mais plantada na Argentina, de cor forte e sabor mais intenso de frutas vermelhas e mais ácido e macio que um vinho da uva Malbec. Que vinhos!

Tem vinho brasileiro! Provamos da Berkano dois rótulos. O Ouroboro é feito 100% de alvarinho, uma variedade incomum para a tradicional região da Serra Gaúcha. Um vinho frutado e de boa acidez. E o Berkano L’anglaise, um blend de cabernet sauvignon, cabernet franc, touriga nacional e pinot noir, com passagem por barris usados para envelhecimento de brandy e, posteriormente, blendado com alicante bouschet. Bem interessante!

Cachaça e outros destilados

A feira tinha muitos produtores de cachaça e uma infinidade de rótulos. Escolhemos logo de cara a clássica Ligia Maria, considerada por muitos uma das melhores cachaças do Brasil. A própria Ligia nos recebeu com muita simpatia, servindo seus dois lançamentos: a cachaça Seo Tadeo, envelhecida dois anos em amburana, e o Rum Z, envelhecido dois anos em barris de Jack Daniel’s de edição limitada de 300 garrafas numeradas. Mas lá também estavam o trio de ferro da marca, as cachaças Ágata, Ametista e Topázio, “joias” mesmo da produção nacional. Para quem não conhece, a marca também produz um dry gin, o Van Goden, feito com 12 botânicos, e o Kokus, um drink pronto de cachaça com coco com 20% de teor alcóolico.

No estande da Wruck degustamos a sua Premium, envelhecida em barris de carvalho por oito anos, premiada duas vezes com medalha de ouro em Bruxelas. Provamos em seguida a cachaça Saint Ludger Ouro, uma verdadeira joia de São Ludgero, em Santa Catarina, envelhecida também por oito anos em barris de carvalho francês e prata em Bruxelas. Ambas excepcionais!

Da destilaria Rech, de Luiz Alves, também de Santa Catarina, provamos uma aguardente de melado macia e amadeirada, graças a um ano amadurecendo em barril de amburana. Medalha de prata na última Expo Cachaça. Lá também foi possível apreciar a linha de cachaças Sacca – provamos uma com flor de jambu, que dá aquela adormecida na boca – e outras duas outras opções (inclusive uma bem erótica) que vem em garrafas de cerâmica. Mas não se engane. A Sacca com a imagem do fundador tem uma de ouro e duas de prata em Bruxelas.

No mesmo estande da Rech comprovamos a vertente das cachaçarias em produzir outros destilados. Aqui vimos um gin Sacca, feito com incríveis 27 botânicos e infusionado com a flor de “clitória ternatea” que deixa a bebida azul. E dois whiskys Herr Rech. O da garrafa sofisticada (linda!) é turfado envelhecido por três anos em barris de carvalho americano, trazendo ainda mais complexidade e sabor para a bebida. E o segundo é um single malt envelhecido por dois anos de sabor e aroma mais intensos.

Da mesma Luiz Alves (os catarinenses estão com tudo!) degustamos duas cachaças da Bylaardt. Uma Premium e outra Extra Premium Especial 18 anos. As duas tem medalhas de ouro em Bruxelas e outras de concursos nacionais. Líquidos refinados para paladares exigentes.

Continuando, passamos pelo estande da Capueira, uma destilaria de Goiânia, que faz uma linha de cachaças envelhecidas em madeiras brasileiras – bálsamo, freijó e jequitibá-rosa – e duas opções mais premium nas quais a cachaça envelhece nas três madeiras, uma por três e outra por seis anos. E uma que sai do contexto que é envelhecida em carvalho europeu.

Também de Goiânia, a Cachaça Cállida entrou na tendência dos ready-to-drink e lançou uma série de bebidas mistas gaseificadas à base de cachaça da marca Amary, com 8% de teor alcóolico, nos sabores de mel e limão siciliano, graviola e pêssego, cranberry e framboesa. A concorrente também marcou presença. A Smarfter usa álcool de cereais (6% de teor) em vez de cachaça e é adoçada naturalmente com calda de maçã nos sabores de extrato natural de abacaxi, gengibre e hortelã; limão siciliano, limão yuzu e canela e frutas vermelhas, guaraná e baunilha.

E finalizamos nosso tour pela maior surpresa da feira: whiskies escoceses! Sim, mais uma vez graças ao amigo Luca Mesiano, pudemos conhecer a linha completa da Brand New Spirits no estande da Villa Cabianca e ficamos totalmente surpreendidos com três rótulos. O Light House é um whisky de entrada extremamente saboroso com um leve defumado. Mas aí vieram duas joias preciosas. O Ecosse G. é um single grain scotch whisky, envelhecido por 12 anos em barricas de carvalho francês. Foi medalha de bronze na categoria Single Grain Whiskey, no último Scottish Whiskey Awards, organizado pela KD Media. Foi o nosso preferido. Mas também brilhou o Royal Cabinet, um blended scotch whisky, amadurecido 19 anos em vários barris de carvalho. Medalha de prata na categoria Blended Scotch Whisky no mesmo concurso. Que whiskies! Pena que só em breve estarão disponíveis no Brasil graças também à intermediação de Mesiano junto à importadora. Coisas de feira…

O Concurso

A Wine Trade Fair e Cachaça Trade Fair também realiza um concurso entre os participantes para eleger os melhores vinhos e destilados da edição do evento. O Concurso Top 10 já está na sua sexta edição e desta vez foi presidido pelo jornalista especializado Eduardo Viotti, jurado internacional dos principais concursos do mundo, e que realiza há mais de 20 anos o Concurso de Vinhos e Destilados do Brasil. Integraram o júri degustadores e jornalistas especializados em cada uma das categorias que provaram às cegas os diferentes produtos da disputa.

Os melhores vinhos escolhidos na edição 2024 foram:

– Toca Real – Dão Reserva – Portugal
– Nancul Syrah Reserva Elegant – Chile
– Casir dos Santos Estate Chardonnay – Argentina
– Paxis Lisboa Medium Dry – Portugal
– Casa do Lago Rosé – Portugal
– Casir dos Santos Estate – Petit Verdot – Argenitna
– Espumante Rosé Brut Santa Vila Elit – Brasil
– Mataojo Touriga Nacional Reserva – Uruguai
– A Contramano Tannat – Argentina
– Blanco de Parcela – Argentina

Na categoria dos destilados, produzidos à base de cana-de-açúcar, de bagaço de uva (grapa), de vinho (Brandy ou conhaque), gins, vodcas, licores, tequilas e rum, foram:

– Cachaça Refazenda Amburana
– Cachaça Filippini Blend Premium Carvalho
– Cachaça Bylaard Amburana
– Cachaça Do Imperador Extra Premium Pedro II
– Cachaça Gogó da Ema Bálsamo
– Rum Z by Ligia Maria
– Cachaça Velho Alambique Blend Premium
– Cachaça Harmonie Schnaps XI
– Cachaça Pinocos Amburana

Encerramos nossa participação na Wine e Cachaça Trade Fair com a certeza de que era impossível degustar tudo – e nos desculpem se deixamos de falar de produtos importantes –, mas foi possível dar um panorama do que vimos e provamos. A feira trouxe bastante conhecimento, networking e movimentou os negócios no setor de bebidas. Parabéns aos organizadores, expositores e todos os envolvidos. Mal podemos esperar pela próxima! Mais informações nos sites: https://www.winetradefair.com.br/ e https://www.cachacatradefair.com.br/