UM BALANÇO DA PROWINE

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Lançamentos da Espanha, Portugal e do Brasil foram destaques da Prowine São Paulo, a maior feira de vinhos da América Latina

A ProWine São Paulo, a maior feira de vinhos da América Latina, agitou o mercado nacional entre os dias 27 e 29 de setembro, no Expocenter Norte, em São Paulo. Foram perto de 300 expositores que trouxeram mais de 800 marcas de vinhos e alguns destilados de mais de 15 países.

Durante três dias, a feira foi o paraíso para 5.000 visitantes do segmento B2B que reuniu produtores, importadores, distribuidores, sommeliers, varejistas, atacadistas, supermercados, bares, restaurantes, hotéis, especialistas, consultores, mídia especializada e até amantes do vinho de todos os cantos do Brasil e do mundo ansiosos para saber das novidades, fazer networking, degustar produtos e fechar negócios.

O Portal Mesa de Bar esteve presente ao evento e pode constatar a efervescência do segmento. O sentimento entre os expositores, do simples estande até o dos grandes players, era de otimismo, com muitas negociações e lançamentos de produtos. A quantidade absurda de rótulos oferecidos no evento e a presença de países pouco tradicionais no nosso mercado, como Romênia, Turquia e Grécia, também demonstra o interesse pelo Brasil e o desenvolvimento e os caminhos da indústria.

A Kavaklıdere, por exemplo, é a vinícola mais antiga e conhecida da Turquia. Fundada pela família And, fica na capital Ankara e recebe o nome de um bairro da cidade. No seu estande foi possível conhecer o surpreendente e exótico Ancyra – o antigo nome da capital Ankara e o campeão de vendas da vinícola – feito da uva Narince, originária da Turquia, onde é muito apreciada. Provamos também o Prestige, feito das uvas Kalecik Karasi, um vinho bem cotado pelos sommeliers.

No estande da importadora Monte Dicts, especializada em rótulos gregos, provamos o Mountain Fish da vinícola Strofilia, feito de uvas Agiorgitiko IGP da região de Peloponeso. Já no box da Romênia foram várias surpresas. Além do espumante Rhein Extra Brut Imperial da região de Dealu Mare, feito de uvas 100% Chardonnay, Riesling e Feteasca Regala, fomos brindados com o ótimo brandy Alexandrion e a surpreendente vodka Kreskova. Coisas que você só descobre na feira.

Portugal e Espanha

Entre os tradicionais produtores internacionais, nosso destaque vai para Portugal e Espanha. Portugal fez uma inteligente estratégia de marketing ao posicionar um estande logo no começo da feira exibindo os 20 rótulos mais premiados do país, com direito a degustação e plaquinha com o número do estande do produtor na feira. Daí, ficou fácil escolher os melhores entre os melhores e ir até o produtor depois para saber mais ou fechar negócios. Destaque para o Quinta do Carmo Reserva, um Alentejano feito de um blend de Cabernet Sauvignon, Tempranillo, Alicante Bouschet, Aragonez e Shiraz. Que vinho!

Provamos também ótimos rótulos espanhóis. Começamos no estande da Freixenet experimentando o Solar Viejo Reserva, um vinho clássico da Rioja feito das castas Tempranillo e Graciano que tem lugar cativo em qualquer adega. Daí seguimos para o estande da importadora Barrinhas e provamos vinhos fantásticos. Foram dois rótulos Marqués del Átrio, feitos em uma vinícola familiar também da região de Rioja: o Crianza (12 meses em barris de carvalho) e o Reserva (24 meses) que valem cada gota. O excelente lançamento do Faustino Rivero Ulecia Reserva, um D.O. de Utiel-Requena feito das uvas Bobal e Tempranillo, com 24 meses de amadurecimento. E a nova linha dos vinhos Monte dos Perdigões.

Outros rótulos interessantes do portfólio da Barrinhas vêm da linha Fabio Cordella de vinhos da região da Puglia italiana assinados por jogadores de futebol, como Diego Lugano, Roberto Carlos, Cafú, Júlio César, Ronaldinho Gaúcho, Amoroso entre outros. Aliás, Amoroso, ídolo do São Paulo, Guarani, Borussia Dortmund, além da seleção brasileira, estava no estande, dando entrevistas e conversando com os admiradores com uma simpatia única.

“Eu joguei na Itália no Milan, no Parma e na Udinese por muitos anos. Lá eles tomam vinho até no café da manhã! Acabei me apaixonando pela uva susumaniello e quando o Fábio me convidou, escolhi ela na hora. Sempre que posso, participo de eventos e feiras para promover os vinhos da vinícola e especialmente esse que assino, que é espetacular. Tem um outro branco que assino também da uva verdeca, bem leve e refrescante. Recomendo os dois!”
Márcio Amoroso, jogador de futebol

Já entre os argentinos degustados, gostamos de dois vinhos Malbec da Zuccardi, tradicional vinícola do Vale do Uco em Mendoza: o Apelación Vista Flores e o Q. Do Uruguai provamos um Tannat Reserva da vinícola uruguaia Pizzorno, de Canelones, a 20 km de Montevideo que cravou 92 pontos no Guia Descorchados. E para não deixar os ótimos chilenos de fora, provamos o Carménère da Elqui, produzido em Coquimbo, Vale do Elqui, uma região de fronteira com o Oceano Pacífico, o deserto de Atacama e a Cordilheira dos Andes. Ele é envelhecido por 24 meses em uma mistura de barricas de carvalho novo, 1º e 2º uso francês, Americano e Húngaro. Um presente do enólogo dinamarquês Steffan Jorgensen.

Mas destaque mesmo foi para os rótulos da Weinert que degustamos no estande da Vinoterra. A vinícola é uma criação do brasileiro Bernardo Weinert, chamado de “Don Bernardo” na Argentina. Ele resolveu montar a vinícola em meados da década de 1970 em Luján de Cuyo, Mendoza, Argentina. O resto é história. Mas atualmente ele mantém um enorme tonel italiano de 130 anos, com capacidade para 44 mil litros, que confere aos seus rótulos aquele sabor de vinho maduro, de guarda. Começamos com o Carrascal Cabernet, um clássico da vinícola, de 2019. Seguimos para o varietal Malbec e terminamos com o frescor do Montfleury Pinot Noir Rosé. “Todo increíble!”

Desculpe-nos pela falta de notas sobre os franceses. Para não dizer que não falamos das flores, provamos o Gerard Bertrand Art De Vivre. Feito de castas emblemáticas (Grenache, Mourvèdre e Syrah), da região de Languedoc-Roussillon, no Sul da França, este vinho é uma homenagem aos vinhedos ancestrais de dois mil anos e sua garrafa de barro às primeiras ânforas que por milênios guardavam esse precioso líquido. Um vinho complexo e elegante.

Brasil é destaque

Os vinhos nacionais estão realmente em ótimo momento. Encontramos algumas surpresas, como o vinho do cerrado brasileiro Muralha Premium, da vinícola Serra das Galés, de Paraúna, Goiás. Ele é feito na proporção igual de 25% das uvas: cabernet sauvignon, tempranillo, malbec e syrah e amadurece por 12 meses em barricas de carvalho francês médio tostado. Um must have to taste!

Na Salton experimentamos o espumante Salton Giornata Prosecco Brut. Ele é uma homenagem ao patriarca da família, Antonio Domenico Salton, e aos 140 anos da chegada da Família Salton ao Brasil. E o Salton Évidence Cuvée Brut, um espumante feito das uvas Chardonnay e Pinot Noir no método tradicional champenoise. O espumante nacional brilhando como sempre!

Na Miolo, experimentamos o Touriga Nacional da linha Single Vineyard da Campanha Gaúcha que amadurece por 12 meses em barricas de carvalho francês. Os portugueses que se cuidem! Também degustamos o Sebrumo, um 100% Cabernet Sauvignon também da Campanha Gaúcha com amadurecimento de 12 meses em barricas de carvalho americano. E fechamos com o agradável Brandy Imperial, produzido no Vale do São Francisco e envelhecido por 15 anos em barricas de carvalho americano pelo sistema de soleras. Uma prova de que é possível se aventurar e acertar!

Fechamos com chave de ouro nossa degustação dos nacionais no estande da Casa Valduga. Provamos lá o último lançamento em espumantes: o Ponto Nero Cult Brut Moscato. O primeiro Moscato Brut do Brasil é um pouco doce, mas seco e muito elegante. Tem tudo para emplacar. A Valduga também administra a importadora Domno, que traz excelentes rótulos. Fizemos uma degustação incrível de seus melhores, como o Romeira Tinto Reserva da Caves Velhas, um incrível alentejano feito na proporção 25% das uvas castelão, trincadeira, syrah e graciano, com seis meses de maturação em barricas de carvalho francês e dois meses em cave.

Continuamos a degustação com dois lançamentos. O De Grendel é um surpreendente Merlot sul-africano da região de Cape Town que descansa por 13 meses em barricas de carvalho francês. E o Argento Single Block Organic Malbec, uma seleção das melhores uvas de Paraje Altamira, microrregião do Vale de Uco, em Mendoza, na Argentina. Só para se ter uma ideia, ele levou 93 pontos por James Suckling, 92 Pontos por Tim Atkim e 95 pontos no Descorchados 2020 e no Decanter World Wine Awards 2020, sendo também eleito o Melhor Vinho Orgânico da Argentina e figurando entre os 25 Melhores Vinhos Argentinos do momento.

No estande da Casa Valduga também pudemos degustar as únicas cervejas presentes na feira, uma vez que a vinícola é dona também da ótima cervejaria Leopoldina. Destaque para a Belgian Tripel, com a acidez característica do estilo, 9% de teor e o toque da vinícola por passar 45 dias em barricas de carvalho francês. Não à toa ela foi eleita pela terceira vez consecutiva no World Beer Awards a melhor tripel do Brasil. Degustamos também a Italian Grape Ale, que faz a perfeita união da cerveja e do vinho, pois leva em sua composição o mosto da uva Chardonnay, com segunda fermentação na garrafa. Ou seja, uma cerveja leve, mas que tem 8,5% de teor, baixo amargor e um final nítido de Chardonnay.

Aliás, nossa última observação é em relação aos “não vinhos” da Prowine. Esta edição não ofereceu muitas opções. Fora os brandys e esse caso da cerveja, não haviam muitos estandes de outras bebidas. Encontramos ao menos três. Em um estande de argentinos degustamos o Damonjag, um licor feito com 51 ervas, que nos pareceu um clone doce do Jägermeister. No mesmo estande havia ainda o absinto francês La Tour Turne que nos pareceu mais interessante.

Quase na saída, havia o estande da Oceà, o primeiro drink em lata à base de vinho do Brasil inspirado nos famosos drinks das praias do Mediterrâneo espanhol. Ele tem um toque de limão, apenas 6% de teor, e está disponível nas versões tinto, rosé e branco. Uma pedida leve e refrescante para o próximo verão. E solitário em um corredor estava o ótimo BEG Gin, de Campinas, elaborado pelo master distiller Arthur Flosi, que nos mostrou uma versão do gin concentrado em garrafa de alumínio que está fazendo o maior sucesso.

Por falar nisso, a Prowine mostrou ser um sucesso para o segmento de vinhos. Mesmo que quiséssemos, não conseguiríamos provar todos os ótimos rótulos expostos e compartilhar aqui nossas impressões. Tentamos trazer um pouco para difundir conhecimento e reforçar a certeza de que a feira se consolidou como uma referência para os profissionais e negócios do setor. Parabéns a todos os envolvidos e já estamos ansiosos para participar da próxima edição.

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